“Quantas histórias navegam pelos nossos rios, estradas, florestas, águas…?” Essa é uma das perguntas feitas pelo curta-metragem documental “XINGU Rio e Estrada”, que estreou na semana passada em Altamira, no Pará.

O filme, dirigido por Val Araújo, explora as histórias de seis mulheres impactadas pela ocupação na BR-230, mais conhecida como Transamazônica, às margens do rio Xingu.

As mulheres compartilham experiências que destacam a resiliência em um ambiente em constante mudança. O documentário vai além das consequências sociais e ambientais, enfatizando a importância das mulheres como guardiãs de saberes ancestrais na luta contra as mudanças climáticas.

Cinema na Amazônia

Foto: Jaime Souzza

Se fazer cinema independente é um desafio, tentar produzir audiovisual na Amazônia pode se tornar um desafio maior ainda.

Com extensões continentais, quem precisa de deslocar entre os territórios precisa de um bom planejamento logístico, além de financiamento para fazer os traslados, seja de avião, carro e principalmente de barco, já que a região é cortada por rios que acabam se tornando as estradas dos povos ribeirinhos. 

E, para produzir o curta “XINGU Rio e Estrada” não foi diferente. Para Raí Freitas, produtor do filme: Foi um processo incrível pra mim, poder contribuir dentro do meu território, contando histórias que são daqui e contadas por quem é daqui”, contou para a Mídia NINJA.

Rio e Estrada

Foto: Jaime Souzza

O filme se divide entre as histórias de seis mulheres que através, de suas entrevistas, mostram três linhas do tempo de vivência na Transamazônica: passado, presente e futuro. A obra é um tributo à resistência das mulheres que se recusaram a ter suas histórias escritas por outros, permanecendo firmes diante das consequências que o desenvolvimentismo trouxe para suas vidas.

O documentário obteve destaque ao ser escolhido como vencedor do edital Projeto 50+50 BR-230, superando propostas de várias localidades no estado do Pará. 

“Não é fácil produzir audiovisual na Amazônia devido à logística e infelizmente ainda não imaginam o norte como produtor de suas próprias narrativas” conta Raí, e complementa “Ter a Val na direção também me ajudou, é uma outra atmosfera trabalhar com quem conhece o território”.

O filme vai circular em festivais pelo país, e a equipe prioriza principalmente a exibição do curta em escolas, comunidades indígenas e quilombolas. Logo mais também será possível assistir o documentário online. Para saber mais, basta acompanhar o projeto Arte Comunicação Xingu nas redes sociais.