A Polícia Federal vê elementos de confissão de uma tentativa de golpe após Jair Bolsonaro reunir apoiadores de extrema direita na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo.

Para os investigadores, as declarações de Bolsonaro apontam que o ex-presidente tinha conhecimento da existência de minutas de golpe, o que levou integrantes da Polícia Federal a reforçarem a linha de investigação sobre a ligação de Bolsonaro e aliados à trama golpista. Durante o ato, o pastor ligado a extrema direita, Silas Malafaia, fez ataques aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, e pediu anistia para os condenados pelo 8 de janeiro.

Para Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Bolsonaro continua sendo uma ameaça à democracia, e sua tentativa de terceirizar ataques às instituições não é aceitável. A investigação da Polícia Federal, baseada em mensagens e na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, continua em andamento, com elementos que sugerem a possível participação do ex-presidente em atividades golpistas.

Bolsonaro admitiu o teor da minuta golpista durante o discurso. “O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado. Empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. Fora isso, por que continuam me acusando de golpe? Agora o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição?”

O presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, afirmou que o ex-presidente produziu ”provas contra si mesmo” ao assumir que sabia da minuta golpista, que está sendo investigada pela Polícia Federal (PF).

“Na Paulista, Bolsonaro produziu provas contra si ao reconhecer que tinha conhecimento da minuta do decreto que previa a prisão ilegal e injustificada de Alexandre de Moraes e o adiamento das eleições, a famosa minuta do golpe, que ele editou, conforme afirmam as investigações”, disse.

O pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), deputado federal Rogério Correia (PT-MG) também pontuou o conhecimento de Jair Bolsonaro sobre a minuta golpista. Em suas redes sociais, o parlamentar afirmou que o documento não é legal. Correia acredita que ”a prisão está cada vez mais certa” para o ex-presidente.

”Bolsonaro admitiu a existência da minuta do golpe e disse que o conteúdo do documento é absolutamente legal, o que é mentira, pois fala até em prender ministro do STF e anular resultado eleitoral. E ainda pediu anistia, ou seja, reconhece que cometeu crime. Sempre soube que o energúmeno tem língua solta, mas fazer tanta prova contra si é muita burrice. A prisão está cada vez mais certa pelas provas e confissões públicas”, disse.

Na mesma temática, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) usou as redes sociais para afirmar que o ex-presidente sabia da existência da minuta golpista. Para ele, Jair Bolsonaro fez uma ”pirotecnia retórica” para justificar a existência do documento.

”Bolsonaro admite minuta do golpe e tenta pirotecnia retórica pra se justificar. Não conseguiu. Prisão de Moraes? Convocação de novas eleições? Nada disso é constitucional. Pra terminar, implorou anistia aos golpistas, inclusive pra si. Não adianta. O destino é certo: BOLSONARO PRESO”, disse.