Por Sé Souza

Difundir conhecimento e as vivências de pessoas com deficiência (PCDs) nunca foi tão urgente e necessário. Invisibilizados e cerceados de direitos, estes corpos existem e devem ser ouvidos e vistos – inclusive no cinema. A partir desta premissa, associada às discussões de sexualidade e identidade, o documentário “Assexybilidade” marcou presença (e que presença) na 31ª edição do Festival Mix Brasil, que está rolando na cidade de São Paulo (SP).

A exibição aconteceu na noite do dia 13 de novembro, no CineSesc, em sessão especial com recursos de acessibilidade disponíveis para o grande volume de público PCD presente.

Com personagens cheios de histórias para contar, o documentário aborda as vivências acerca da sexualidade de corpos PCDs, muitas vezes excluídos destas narrativas, uma vez que o padrão hegemônico não celebra tal diversidade e beleza. Em relatos pessoais, sinceros e com toques de sarcasmo, os entrevistados expõem os desafios de se relacionar enquanto uma pessoa “defi”.

O que pode um corpo com deficiência? Pessoas que não compartilham desta particularidade descobrem que PCDs podem tudo o que for possível, desde que seus corpos e desejos sejam respeitados.

O diretor do filme, Daniel Gonçalves, que também é uma pessoa com deficiência, investiga e traz luz à esta questão, desmontando o senso comum de que “PCDs não transam”.

O elenco é formado por Giovanni Venturini, Lelê Martins, Tuca Munhoz, Cida Leite, Dudé, Clara Sasse, Ivone de Oliveira, Pedro Petrucio, Luciana Viegas, Edu Oliveira, Luana Rayalla, Cacá Fernandez, Jéssica Teixeira e João Paulo Lima. Nomes que enriquecem o debate, trazendo suas vivências e interseções para o filme. Como é ser uma pessoa com deficiência negra? E gay? E se for uma travesti? A diversidade de histórias faz do filme um verdadeiro manifesto anticapacitista.

Muitos dos relatos trazem a realidade de PCDs LGBTQIAPN+, algo que segundo o diretor no bate papo que rolou após a sessão, ele não tem culpa se “LGBTs tem histórias muito mais interessantes do que pessoas het/cis”, brincou.

Bate papo após a sessão com a equipe do filme. Foto: Cine NINJA

“Assexybilidade” teve sua première mundial no festival Outfest, realizado em Los Angeles (EUA), além de ter passado pelo DOCSP e pelo Festival do Rio.

O documentário se prepara agora para iniciar uma campanha de impacto para divulgar a produção em diversos espaços, como casas de saúde, escolas, universidades, ONGs, etc. A estreia em circuito comercial deve acontecer até meados de 2024.

Ainda no Mix Brasil, o filme ganhará uma reprise marcada para o dia 19 de novembro, no Circuito Spcine Olido, às 18h.

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