Por Fernanda Damasceno 

Duas empresas de Luis Antônio Taveira Mendes, filho do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), estão entre os alvos da Operação Hermes (Hg) II, deflagrada pela Policia Federal (PF) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na semana passada.

A Operação tem como objetivo apurar e reprimir crimes contra o meio ambiente, especialmente os que dizem respeito ao comércio e uso ilegal de mercúrio que tem como destino final o abastecimento de garimpos em áreas que compõem a Amazônia — Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará.

Esta operação é um desdobramento da primeira fase, deflagrada em dezembro de 2022. A primeira etapa da Operação Hermes foi a maior operação policial do país para desarticulação de uso ilegal de mercúrio.

O filho

Luis Antônio é um dos empresários investigados por compra de mercúrio sem autorização legal para ser usado em garimpos nos estados de Mato Grosso e Pará.

Ele tem 24 anos e é dono de uma lista longa de empresas. Uma delas, a Mineração Casa de Pedra, já foi alvo de denúncias por suposto garimpo ilegal no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.

O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães abriga grandes cartões-postais do estado, com destaque à cachoeira Véu de Noiva, uma queda d’água de mais de 80 metros. – Foto: MMA

Nós da NINJA falamos sobre a relação da família do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes com o Parque, e como a estadualização do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães poderia beneficiar as empresas com as quais sua família tem ligação.

Nessa investigação, a suspeita da PF é de que Luis tenha adquirido R$301.9 mil em mercúrio de Edilson Rodrigues de Campos.

O esquema

Segundo a investigação, as empresas Kin Mineração Ltda e Mineração Aricá Ltda, que têm Luis como sócio, fizeram compras de mercúrio com emissão de notas fiscais de venda de bolas de aço e de ferro, quando, na verdade, se tratava do mineral.

Ainda de acordo com a PF, a Mineração Aricá nunca declarou compra de mercúrio, mas produziu mais de 900 mil gramas de ouro.

Outros envolvidos

Edilson Rodrigues dos Campos, que teria vendido R$301.9 mil em mercúrio para o filho do governador Mauro Mendes, é um empresário que vem sendo investigado pela PF desde a primeira fase da Operação.

Ele seria um dos líderes do esquema de venda ilegal de mercúrio, junto a Arnoldo Veggi, do Grupo Veggi.

ex-vereador de Cuiabá Arnoldo Veggi

O ex-vereador de Cuiabá Arnoldo Veggi, alvo de investigação da PF. Foto: Reprodução

Arnoldo teria a função da organização operacional e política do esquema, enquanto Edilson atuaria na movimentação e parte operacional.

Em 24 de março de 2022, Edilson, por intermédio de sua pessoa jurídica, vendeu mercúrio, sem autorização legal, para a empresa Kin Mineração Ltda, pelo montante total de R$ 301.971,00.

No caso da empresa Kin Mineração Ltda, o capital social do garimpo é de R$ 3 milhões, tendo Luis Antônio como sócio- administrador.

Além destes, um dos alvos da operação foi o empresário Valdinei Mauro de Souza, o “Nei Garimpeiro”, ex-sócio do governador Mauro Mendes, e que doou 100 mil reais à campanha de Bolsonaro à reeleição.

A defesa de Luis

Em nota para a revista Veja a defesa de Luis Antônio Taveira Mendes disse que é “descabida e absurda” a inclusão do empresário na operação Hermes e declarou que ele “não exerce qualquer atividade de gestão, direção ou tomada de decisão nas empresas objeto da investigação, tampouco figura de forma direta como sócio das empresas investigadas”.

O advogado afirmou ainda que as medidas cautelares são ilegais e serão questionadas na Justiça. “Por fim, o empresário reafirma seu compromisso com a verdade dos fatos, e se coloca à disposição da justiça para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários.”

A primeira dama, Virgínia Mendes, defendeu o filho em suas redes sociais, alegando sua inocência. “Eles tentam outra estratégia: atingir a mim, meu filho e a minha família, sempre com mentiras e armações, como sempre fizeram”, relatou.

De acordo com o jornal A Gazeta, uma semana após vir a público que Luis Antônio era um dos alvos da investigação da Polícia Federal, o empresário renunciou ao seu cargo de diretor na Kin Mineradora Ltda, do qual fazia parte desde a sua fundação em 2019.