Na zona oeste do Rio de Janeiro, familiares e alunos vem lidando com traumas e vexames devido o uso criminoso de tecnologias de geração de imagem. Alunos do Colégio Santo Agostinho criaram e compartilharam falsos ‘nudes’ de dezenas de meninas adolescentes, com Inteligência Artificial (IA). A situação fez com que elas sofresse humilhação dentro da instituição.

Ao Fantástico, uma mãe relatou que ao chegar ao conhecimento de sua filha, entrou em uma situação jamais vista. “Era um choro desesperador, um descontrole. Eu tentava acalmar: ‘mas meu amor, não são suas as fotos’. ‘Mas sou eu nua, mãe, meus amigos estão me vendo nua, e é constrangedor'”, contou.

“Eles tinham pego fotos das meninas dentro da rede social delas. Umas de biquíni, outras de vestido. Eles pegaram essas fotos, eles entraram no aplicativo, que é super simples de entrar, não é deepweb como estão falando, não, é um aplicativo muito simples. E tiraram a roupa das meninas, deixaram elas nuas. Uma das meninas estava no meio da aula de história, recebeu a foto dela por um amigo, mas para alertar ela. O professor falou: “você não pode usar o celular”. Ela: “professor, mas é muito sério. E ele simplesmente falou: mas você não vai resolver isso agora”, destaca outra mãe a TV Globo.

O Colégio Santo Agostinho enviou uma nota aos familiares de alunos em que lamenta o evento e afirma que “serão tomadas as medidas disciplinares aplicadas aos fatos cometidos, em tutela escolar”. Além disso, a organização pede “a compreensão de todos os envolvidos, pois a condução dos atendimentos demanda tempo e não podemos tomar decisões precipitadas”. Reforçando a necessidade de controlar o aumento da situação, reforçam que “é preciso tranquilizar seus filhos, não permitindo que se propaguem mais situações de conflito e desrespeito”.

Ainda sob investigação policial do 16.ª DP na Barra da Tijuca e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, os suspeitos menores de idade devem responder por ato infracional no artigo 241-C do ECA, que pune “simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual”. Esse ato infracional prevê pena de um a três anos de reclusão e multa.

Casos envolvendo falsos nudes estão tomando proporções desastrosas em uma velocidade preocupante. No final de outubro, a atriz mineira Isis Valverde, de 36 anos, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos do Rio, após ter sido avisada que estavam circulando pela internet nudes dela. Mas eles não eram verdadeiros.