Por Marilda Campbell

A exibição de três filmes da Première Brasil: Hors Concours da 25ª edição do Festival do Rio agitou o público e a imprensa especializada que lotaram o Cine Odeon, no Centro do Rio: “O Meu Sangue Ferve Por Você”, de Paulo Machline; “Meu Nome é Gal”, de Dandara Ferreira e Lô Politi; e “Mussum, o Filmis”, de Silvio Guindani.

Há uma característica em comum entre os longas que pode justificar tamanho interesse: eles têm como protagonistas personalidades da cultura popular: os cantores Sidney Magal e Gal Costa, e o humorista e sambista Mussum.

Seria essa uma tendência do setor? Seria uma forma de atrair o público para as salas de cinema? Afinal, há uma identificação entre os personagens e a plateia. São histórias de pessoas que trazem lembranças, emocionam e fazem o público se reconhecer na grande tela.

“O Meu Sangue Ferve Por Você” é uma comédia-musical que narra os encontros e desencontros de Sidney Magal e sua mulher, Magali West. O filme se passa em 1979, quando o cantor seguia sua rotina de trabalho em Salvador e, durante um programa de auditório, conheceu a jovem Magali.

A paixão foi imediata e avassaladora. Para conquistar o coração de Magali, o cantor precisou vencer a resistência de seu empresário Jean Pierre, além da desconfiança da jovem, de sua família e amigos.

O filme é leve, divertido e tem um toque de fantasia. Na sessão de estreia, no dia 6 de outubro, “O Meu Sangue Ferve por Você” fez o público cantar nas cenas de musical, se emocionar, rir e torcer pelo casal – apesar de já sabermos o desfecho, afinal eles estão juntos há mais de 40 anos.

A cinebiografia traz um elenco entrosado e carismático, com Filipe Bragança (Sidney Magal), Giovana Cordeiro (Magali West), Caco Ciocler (Jean Pierre) e Emanuelle Araújo (Graça), nos papéis principais. O longa nos transporta para os anos de 1970/80 e mesmo quem não viveu a época consegue sentir a força de Magal no cenário cultural, afinal, é uma presença que se estende por gerações.

“O Meu Sangue Ferve por Você” tem direção de Paulo Machline, produção de Amaia Produções e Mar Filmes, e tem previsão de estreia nos cinemas nacionais em fevereiro de 2024.

“O Meu Sangue Ferve por Você”. Foto: Divulgação/Festival do Rio

“Meu Nome é Gal”, das diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi, teve sua estreia nacional no Festival do Rio e está em cartaz nos cinemas desde o dia 12 de outubro. É um recorte da trajetória de Gal Costa no início de sua carreira, quando ainda era Maria da Graça ou Gracinha, para os íntimos.

Mostra a história de uma jovem tímida, que aos 20 anos saiu de Salvador para o Rio de Janeiro e se juntou aos amigos Caetano Veloso (Rodrigo Lellis), Gilberto Gil (Dan Ferreira), Dedé Gadelha (Camila Mardila) e Maria Bethânia (Dandara Ferreira) para construir uma das carreiras mais bem sucedidas da música brasileira.

A atriz Sophie Charlotte dá vida à Gal Costa, uma mulher que sabia desde criança o que queria, que tinha uma relação intensa com a mãe, que viveu suas amizades e amores de forma potente, e com sua arte se posicionou em um dos momentos mais críticos da ditadura militar brasileira.

Na sessão da Première Brasil do Festival do Rio 2023, no Cine Odeon, as diretoras e o elenco estavam visivelmente emocionados. Dandara Ferreira lembra que Gal Costa participou da pré-produção. Mas, com sua morte em novembro de 2022, não teve a oportunidade de ver o resultado final.

Para Sophie Charlotte foi uma honra estar em “Meu Nome é Gal”, ela ressalta que: “o filme foi feito para Gal Costa, foi um presente para a cantora e agora esse presente chega até o público”.

O longa “Mussum, o Filmis”, dirigido por Silvio Guindani e estrelado por Aílton Graça, é baseado no livro de Juliano Barreto, “Mussum: uma história de humor e samba” (2014), e conta a trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, com um olhar para aspectos pouco conhecidos do público, como sua relação com a mãe, D. Malvina, a infância pobre e a carreira na Aeronáutica.

A faceta de maior destaque do artista é como integrante de Os Trapalhões, mas Antônio Carlos começou sua carreira na música, no grupo Os Originais do Samba. Por anos ele tentou equilibrar a Aeronáutica e o samba, depois o samba e a televisão, até que a sua vocação para o humor falou mais alto e ele se tornou um dos Trapalhões mais queridos do público.

“Mussum, o Filmis”, também, revisita o período de transição entre o rádio e a televisão, mostrando um pouco do processo de consolidação da TV com o desenvolvimento de programas e o lançamento de talentos.

Na sessão da Première Brasil, realizada em 12 de outubro no Cine Odeon, além do diretor e elenco, estavam presentes os filhos e familiares de Antônio Carlos. Como não poderia ser diferente, o longa provocou boas risadas diante da atuação impecável de Aílton Graça que, por vezes, chega a confundir quem assistiu Mussum aos domingos na televisão tamanha a semelhança.

“Mussum, o Filmis” foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado 2023, levando seis Kikitos, incluindo os de Melhor Filme; Melhor Ator, para Ailton Graça; e Melhor Atriz Coadjuvante, para Neusa Borges. O longa tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros em novembro.

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