É Círio outra vez!

O natal dos paraenses, como é chamado, reúne cerca de 80 mil turistas, 2,5 milhões de pessoas na procissão e movimenta cerca de R$150 milhões no estado. Realizado há mais de 200 anos em Belém, no Pará, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Conhecido por ser a maior manifestação religiosa do mundo, quem visita Belém no segundo domingo de outubro pode conhecer a Festividade religiosa, que transformou-se em uma manifestação cultural e popular que atrai diversos públicos e proporciona vários dias de programação pela cidade. 

A tradição católica vem ganhando, durante décadas, proporções que nem mesmo a Igreja esperava. Por isso, o Círio acabou se tornando uma festa do povo, onde a festividade de Nossa Senhora de Nazaré vai para além das tradicionais procissões e manifesta-se também na música, na culinária, na dança e na arte.

Pensando nisso, trouxemos uma lista de manifestações culturais que ocorrem em Belém durante a época do Círio, confira:

1 . Em outubro, o teatro desce dos palcos e invade as ruas

Foto: Bruno Carachesti/Arquivo Diário do Pará

Considerado patrimônio histórico e imaterial da cultura do estado, o Auto do Círio é um cortejo artístico que reúne teatro, cantos, danças, músicas e moda e que busca chamar a atenção das populações Amazônidas para questões sociais, econômicas, políticas, ambientais e culturais da região.

Todos os anos, na sexta-feira que antecede a grande procissão do domingo de Círio, artistas caminham pelo Centro-histórico de Belém fazendo performances vestindo figurinos personalizados e, através do teatro e da música, centenas de pessoas coreografam juntos homenagens a Nossa Senhora, e, ao mesmo tempo, introduzem temáticas como a proteção do meio ambiente, a violência contra mulheres, a intolerância religiosa, dentre outras. 

A programação é totalmente gratuita e qualquer pessoa pode assistir.

2 . Paladar e Olfato

Foto: Marco Nascimento/ Ag. Pará

Belém é considerada pela UNESCO a Cidade Criativa da Gastronomia, e, durante o Círio, conseguimos entender muito mais o porquê disso. É comum ouvir que outubro está chegando pois o cheiro da maniçoba sendo preparada invade as ruas da cidade.

Feita da folha da maniva (a planta da mandioca), a maniçoba é semelhante a uma feijoada, porém, deve ser cozida por cerca de sete dias, devido à acidez da folha. Com isso, são milhares de casas espalhadas pela cidade que durante dias exalam o cheiro do prato que é um dos mais populares do estado, antecipando, assim, o dia da festa do Círio, criando uma expectativa para reunir as pessoas em volta da mesa e saborear diversas iguarias.

Além da maniçoba, também é comum nessa época comer o pato no tucupi, arroz paraense e tacacá, além de doces feitos com cupuaçu, açaí e bacuri, que são frutas típicas da região. 

3 . Ninguém fica parado

Foto: Divulgação Lambateria

Com a cidade movimentada, a noite de Belém, que geralmente é muito agitada, torna-se ainda mais viva. Um exemplo disso é o Festival Lambateria, que há seis anos faz parte da programação da cidade durante o mês de outubro e segue misturando gêneros musicais e artistas que representam essa cultura dançante da região.

O festival celebra a influência da música latina na  Amazônia, tendo esse ano atrações de cidades do Pará, Amapá e Caribe, misturando carimbó, brega, tecnobrega, lambada, merengue e guitarrada.

Além disso, há programações gratuitas espalhadas por praças da cidade, com apresentações e rodas de carimbó, exposições, mostras de cinema, festas de aparelhagem com edições especiais para o Círio, dentre outros eventos.

4. Para todes

Foto: Divulgação

A “Festa da Chiquita” apesar de não ser reconhecida pela Igreja Católica como parte integrante da festividade do Círio de Nazaré, é muito prestigiada pelo público e teve sua grandiosidade reconhecida ao ser tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A tradicional festa ocorre sempre no sábado à noite, véspera da procissão oficial do Círio, e é construída e voltada para o público LGBTQIAPN+. É um espaço que converge o sagrado e o profano, e recebe milhares de pessoas todos os anos, mostrando o acolhimento que a Amazônia pode proporcionar para as pessoas que queiram conhecê-la.