Por Gustavo Becker N. Simões

Na manhã desta terça-feira (3), o professor Rafael de Freitas Leão, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ameaçou estudantes com uma faca durante uma manifestação grevista. Os protestos pediam a paralisação da universidade, em ato contra as privatizações e a precarização dos serviços públicos promovidas pelo governo Tarcísio de Freitas. O docente foi detido e conduzido por policiais após confronto direto com Gustavo Bispo, integrante do Movimento Correnteza e diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unicamp.

O conflito ocorreu nas dependências do campus de Campinas, localizado no distrito de Barão Geraldo, e foi documentado em vídeos compartilhados nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver Rafael de Freitas Leão e Gustavo Bispo envolvidos em um confronto no chão, enquanto estudantes gritam “fascista” contra o docente.

De acordo com representantes do DCE, a tensão teria começado quando os estudantes questionaram o professor sobre a continuidade das aulas em meio à greve em apoio aos protestos que ocorriam na capital paulista. Segundo relatos, o professor estava armado com spray de pimenta e uma faca, ameaçando não apenas Gustavo Bispo, mas também outros estudantes presentes no local.

A Unicamp emitiu um comunicado oficial em resposta ao incidente, confirmando a abertura de um inquérito policial e anunciando que a conduta do docente será investigada por meio de procedimentos administrativos. A universidade também expressou seu repúdio aos atos de violência ocorridos no campus de Barão Geraldo.

A nota da instituição enfatiza a necessidade de calma e serenidade para lidar com conflitos de motivação política e reitera a importância de promover um ambiente saudável e respeitoso para a convivência entre diferentes membros da comunidade universitária.

Em nota, o DCE repudiou os ataques de Rafael Leão e pediu a exoneração imediata do docente. O diretório ressaltou que os estudantes não serão “impedidos de se manifestar de maneira democrática e pacífica”.

Alunos de pelo menos 23 cursos da Unicamp demonstraram apoio à paralisação realizada nesta terça-feira. Eles se uniram aos protestos contra a privatização de órgãos públicos estaduais e as condições enfrentadas pelas universidades estaduais de São Paulo.

Assim como na paralisação da Universidade de São Paulo (USP), os alunos da Unicamp estão demandando a contratação de mais professores e funcionários. Além disso, o movimento estudantil demanda melhorias na infraestrutura da universidade, uma vez que alguns cursos, como Educação Física, Geografia e Artes, estão sendo ministrados em instalações precárias atualmente.

Outras reivindicações incluem a expansão das políticas de apoio à permanência estudantil, com aumentos nos valores das bolsas, e a construção de alojamentos para estudantes nos campi de Limeira e Piracicaba.