A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) iniciou a sessão da CPI do MST da terça-feira (29) questionando a integridade do relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP). Durante a fala, a parlamentar chamou o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro de “réulator” e exibiu placas com denúncias dos crimes pelos quais ele é acusado.

Salles virou réu na segunda-feira (28) por suspeita de liderar um esquema de contrabando de madeira ilegal para os Estados Unidos e Europa. A denúncia é do Ministério Público Federal (MPF) e foi acolhida pela Justiça Federal do Pará. O crime teria ocorrido enquanto o deputado atuava como ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Foi escolhido por essa comissão um relator e, desde o início, a escolha tinha muito questionamento, tendo em vista seus interesses diretos em desmobilizar a reforma agrária neste país. Mas, os últimos acontecimentos tornam ainda mais grave a presença deste sujeito na relatoria desta CPI, porque ele não é mais um relator, é um réulator”, disse Sâmia Bomfim.

Em resposta, Ricardo Salles argumentou que a deputada estava adotando uma postura de vítima e distorcendo as questões, incluindo observações inexistentes de violência de gênero.

Além do suposto envolvimento no esquema denunciado nesta segunda-feira, Salles foi investigado pelo MPF em 2020 em caso de aliança com garimpeiros ilegais. Já em 2016, ainda como Secretário do Meio Ambiente de São Paulo, foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa.

Ainda pesam sobre ele as acusações de corrupção ativa e passiva, prevaricação, advocacia administrativa, facilitação de contrabando, desacato, crime contra a administração ambiental, obstar a ação fiscalizadora do poder público, falsidade ideológica, violação do sigilo funcional, organização criminosa.