Quatro imunizantes tiveram um aumento na cobertura entre 2021 e 2022, mas apenas a vacina BCG atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde, com um aumento de 19,7 pontos percentuais, alcançando uma cobertura de 99,5%. A meta anual do ministério é vacinar 90% dos bebês menores de um ano.

A cobertura para o esquema vacinal de três doses da vacina contra a poliomielite no primeiro ano de vida subiu 9,7 pontos percentuais, mas ainda ficou quase dez pontos abaixo da meta de 95%, atingindo 85,3%.

Autonomia vacinal

A recente pandemia de Covid-19 ressaltou a importância da autonomia na produção de vacinas e insumos farmacêuticos para a saúde pública do Brasil. Especialistas de saúde pública e autoridades destacaram a necessidade de fortalecer a capacidade produtiva nacional para garantir o abastecimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e reduzir a dependência de importações de ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) e outros suprimentos essenciais.

O PNI, que celebrou seu 50º aniversário em 2023, é um dos pilares do sistema de saúde brasileiro, fornecendo vacinas e imunobiológicos para milhões de brasileiros. Instituições como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) têm desempenhado um papel crucial nesse programa. Luciana Phebo, chefe de saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, destacou a importância de fabricantes nacionais confiáveis, não apenas para o Brasil, mas para o mundo.

Ainda há desafios a serem superados, já que muitos insumos utilizados na produção de vacinas são importados. Especialistas enfatizam a necessidade de fortalecer as instituições nacionais para internalizar várias etapas do processo produtivo, incluindo a produção de IFAs. O Instituto Butantan, por exemplo, está envolvido na pesquisa de novas tecnologias de vacinas e na produção de soros antivenenos, desempenhando um papel vital em um país com altos índices de acidentes por animais peçonhentos.

Além de atender às necessidades nacionais, o Brasil também exporta vacinas para outros países, contribuindo para a saúde global. No entanto, o governo brasileiro está tomando medidas para aumentar a autonomia no setor de saúde, investindo na produção local de vacinas, medicamentos e insumos.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou planos ambiciosos para que mais de 70% dos bens de saúde sejam produzidos no país em dez anos, destacou a Agência Brasil. Isso não apenas reduzirá a vulnerabilidade do sistema de saúde a crises globais, mas também promoverá o acesso universal à saúde, impulsionando o crescimento econômico e a criação de empregos na área da saúde. O Brasil se posiciona como um líder na busca por autonomia e sustentabilidade na produção de produtos essenciais para a saúde pública em um mundo pós-pandêmico.