Durante a cúpula, ficou acordado que os bancos centrais e ministérios da Fazenda de cada país do grupo estudarão a possibilidade de adoção de uma moeda de referência

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Durante a 15ª Cúpula de Chefes de Estado dos Brics, realizada em Joanesburgo, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações ressaltando a importância do encontro: “Essa é uma das reuniões mais importantes que eu já participei, seja nos dois mandatos anteriores, seja nesse mandato. Em 2023, o G7 tem 29,9% e o BRICS 32,1%. E mais importante: com a entrada dos novos países, o PIB de paridade de compra do G7 passa praticamente para quase 37%. A vinda da Argentina, da Arábia Saudita, do Egito, dos Emirados Árabes, da Etiópia e do Irã é muito importante, porque eu não sei se vocês se lembram, nós éramos chamados de terceiro mundo. Depois começaram a chamar a gente de países em vias de desenvolvimento. E agora nós somos o Sul Global. Veja a mudança de nome, pomposo que é. O que é importante é que o mundo está mudando. Não é só a xenofobia que está mudando, o extremismo de direita. A economia também começa a mudar, a geopolítica começa a mudar, porque as coisas vão acontecendo e a gente vai ganhando a consciência de que temos que nos organizar”, declarou Lula.

Os Brics reforçaram sua posição como um grupo geopolítico e econômico de referência, com enfoque em cooperação entre nações em desenvolvimento. Lula destacou a importância da Argentina nas relações bilaterais com o Brasil e ressaltou que a seleção dos novos membros levou em consideração não apenas fatores econômicos e geopolíticos, mas também a ordem de espera. Além disso, durante a cúpula, ficou acordado que os bancos centrais e ministérios da Fazenda de cada país do grupo estudarão a possibilidade de adoção de uma moeda de referência para o comércio internacional, em alternativa ao dólar.

O evento também marcou o primeiro encontro entre Lula e o presidente do Irã, Ebrahim Raisi. Raisi expressou gratidão pela inclusão do Irã no grupo e manifestou interesse em expandir as relações comerciais com o Brasil. Lula lembrou que, em 2022, o Irã foi um dos maiores importadores de produtos brasileiros no Oriente Médio, sinalizando a crescente interdependência econômica entre os dois países. A cúpula encerrou com expectativas positivas em relação à consolidação dos Brics como um polo geopolítico e econômico de destaque no cenário global.

Argentina

Lula também fez declarações destacando a imparcialidade do grupo em relação às eleições presidenciais na Argentina, previstas para outubro deste ano. O líder político ressaltou que, independentemente do resultado, as negociações entre o Brasil e a Argentina continuarão no âmbito do Estado, sem influências partidárias. A coletiva de imprensa ocorreu após o encerramento da cúpula, que também anunciou a adesão de seis novos países ao grupo a partir de janeiro de 2024.

Em suas palavras, Lula afirmou: “não considero relevante, tampouco para os Brics, o desfecho das eleições na Argentina. É de conhecimento geral minha amizade com Alberto Fernández, o atual presidente. Entretanto, quando houver eleições, o Brasil, enquanto Estado, conduzirá negociações com o Estado argentino, independentemente do líder eleito”. A declaração surge no contexto da adição da Argentina ao bloco, juntamente com outros cinco países: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

*Com informações da Agência Brasil