Por Paula Cunha

A seleção brasileira perdeu o jogo para a França numa manhã fria e nublada de sábado. “O dia tá chuvoso, o clima tá tenso”. Sei que a seleção francesa é algoz do Brasil tanto no time feminino quanto masculino, mas não me importei muito com isso porque o Brasil vinha de uma goleada. Pensei: “é isso, a hora é agora, vamos ganhar”. Não foi, e a tragédia era anunciada.

Durante a partida, ouço na Cazé TV: “Brasil ainda não conseguiu se encontrar no jogo, erra muito com e sem a bola”. Mas como consegue errar até sem a bola, cadê a seleção de segunda-feira? Quem são essas meninas? Um comentarista completa: “Parece nervoso o Brasil”. Eu também pareço e meu cachorro já está com medo.

O final do jogo, você já sabe: dois para a França, um para o Brasil, com destaque na nossa seleção para a goleira Letícia, que nos salvou algumas vezes.

Passo o dia chateada procurando e ouvindo justificativas para o que aconteceu. É quase unânime que a defesa deu bandeira. A técnica sueca diz em entrevista coletiva após o jogo: “Precisamos aprimorar nosso estado emocional no gramado”. Penso: é sempre o emocional. Foi por estarem abaladas que elas não conseguiram acertar os passes? Ouvi, em mais de um momento, que as brasileiras estavam apáticas em campo e, como pessoa ansiosa e em tratamento, sei como é se sentir paralisado diante de alguma coisa. Repassando o jogo mentalmente, parecia que as meninas até iam atrás da bola, mas não conseguiam finalizar os passes.

Foto: Thais Magalhães / CBF

Enquanto busco explicações para o que aconteceu lembro de Daniela Alves, comentando: “É a determinação (…) as europeias, as asiáticas, as norte-americanas vão fazendo o que a treinadora pediu e martelando até o minuto final”. Quer dizer: não pode parar de atacar. Luís Felipe Freitas comentou com Casimiro, na Cazé TV, após a vitória da França: “Confiança é uma parada muito importante”. E se tem uma coisa que sei que a ansiedade pode te tirar (mesmo que momentaneamente ) é a confiança.

Cazé argumentou: “O Brasil se deu bem no jogo quando foi pra cima”.

A palavra confiança tem rondado a seleção. Marta hoje na coletiva pré-jogo: “Não parei pra pensar que essa pode ser minha última coletiva numa Copa do Mundo, porque não vai ser. Estou confiante e acredito que vamos seguir na competição (…) Estou preparada para jogar”.

Marta é uma líder para as meninas do Brasil e sua presença aumenta a confiança delas. Lembro da Colômbia lutando por cada bola no jogo com a Alemanha, abrindo o placar, não aceitando o empate e ganhando a partida. Estados Unidos só ficou no zero a zero com Portugal. Copa é assim, tudo pode acontecer e por isso mesmo é tão bom. Então, vamos pra cima?

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube