por Felipe Conte

Após a derrota da seleção brasileira por 2×1 para a França, no último sábado (29), a terceira rodada do grupo F ganhou ares de mata-mata. Isso porque se o Brasil não vencer a Jamaica nesta quarta (2), dará adeus à Copa do Mundo muito antes do planejado. Presente em todas as nove edições de mundiais femininos, o Brasil só foi eliminado na fase de grupos nas edições de 1991 e 1995. A Jamaica, por sua vez, faz apenas sua segunda participação em Copas.

Em 2019, as jamaicanas foram goleadas pelo Brasil com três gols de Cristiane, ficando na lanterna do grupo com três derrotas. Na ocasião, a seleção brasileira classificou como uma das quatro melhores terceiras colocadas, já que a edição de 2019 ainda contava com apenas 24 seleções. O Brasil novamente chega na última rodada ocupando o terceiro lugar, só que dessa vez o momento jamaicano é bem diferente. Já tendo feito história ao conquistar a primeira vitória do time em Copas do Mundo, as “Reggae Girlz” jogam apenas pelo empate contra o Brasil para seguirem adiante na competição.

O que mudou no Brasil

Denis Balibouse/Reuters

A começar pela casamata, ocupada pelo técnico Vadão, que saiu após a Copa do Mundo e veio a falecer em maio de 2020. A treinadora sueca Pia Sundhage assumiu o Brasil e busca sua primeira taça na competição, visto que já conquistou o bicampeonato olímpico com os Estados Unidos.

A meta brasileira, que era defendida por Bárbara, também tem nova dona. Hoje a experiente goleira de 35 anos chega para a sua quinta e última Copa assistindo do banco de reservas. A companheira Letícia, também presente nas convocações de 2015 e 2019, virou titular e encara a competição dentro de campo pela primeira vez.

Na zaga, a única remanescente do time titular é a lateral-esquerda Tamires, que chegou a interromper a carreira por 3 anos para ter o filho Bernardo e hoje defende o Brasil no seu terceiro Mundial. Capitã do time em 2019, a zagueira Mônica cede a braçadeira para a também zagueira Rafaelle. Mônica não fez parte do ciclo comandado por Pia, mas foi convocada para sua terceira Copa. Completavam a zaga em 2019, a lateral-direita Letícia Santos e a zagueira Kathellen, substituídas pelas estreantes Antônia e Lauren, respectivamente.

O meio campo, em 2019, começava pela lendária Formiga, que se aposentou da seleção em 2021, aos 43 anos. Ao lado dela, estava Thaísa, outra que não está convocada para 2023. Fechavam o quarteto: Andressa Alves, hoje opção no banco de reservas, e Debinha, que comanda o ataque na atual edição da Copa. O meio-campo que deve enfrentar as jamaicanas nesta quarta (2) tem a dupla Luana e Kerolin, com Adriana na esquerda e Ary Borges, artilheira do Brasil na Copa, na direita.

Bia Zaneratto fazia a dupla de ataque com Cristiane, a “mamãe Cris”, que anotou o hat-trick na goleada por 3×0. Cristiane, a maior artilheira do Brasil em Olimpíadas, não foi convocada para esta edição. Novamente, Bia deve estar em campo contra a Jamaica, ganhando a posição de Geyse que enfrentou a França no último sábado (29). A Rainha Marta estava no banco por conta de uma lesão na coxa, dessa vez também será opção para o segundo tempo por conta do preparo físico.

O que mudou na Jamaica

Foto: Getty Images

O treinador que classificou a Jamaica para a primeira participação em Copas do Mundo foi Hue Menzies, hoje com 59 anos. No comando técnico da equipe quatro anos depois, está o ex-jogador Lorne Donaldson.

A goleira Sydney Schneider era a titular em 2019, com apenas 19 anos. A arqueira de 1,78 foi destaque na estreia contra o Brasil, apesar da goleada, pegando pênalti de Andressa Alves. Ela chega para esta edição no banco de reservas, cedendo o lugar para Spencer, destaque do time no empate sem gols contra a França na estreia da Copa 2023.

A lateral esquerda Blackwood e a zagueira Allyson Swaby ainda são titulares na defesa. A lateral direita Bond-Flasza e a zagueira Plummer dão lugar para Cameron – convocada em 2019 – e Chantelle Swaby, respectivamente.

O meio campo de 2019 tinha a hoje mais recuada Chantelle Swaby jogando de volante, ao lado de Solaun e Sweatman. Hoje o time é composto pela dupla de volantes Sampson e Spence, com Brown na esquerda, Williams na direita e Primus na armação.

O ataque na última Copa era formado por um trio: Carter, Williams e Shaw, a craque da seleção. Shaw, jogadora do Manchester City, retorna ao time titular para enfrentar o Brasil nesta quarta (2) após cumprir suspensão contra o Panamá e vai representar a esperança de gols de um país inteiro.

Com várias mudanças nos times durante os quatro anos de preparação para a Copa de 2023, dá para dizer que Brasil e Jamaica chegam mais fortes para esse confronto. Essa é, na verdade, uma nova realidade do futebol feminino da qual nota-se a diminuição da diferença técnica entre as seleções favoritas e as “zebras”. É no que se apega a Jamaica para sonhar com a classificação. Já o Brasil torce que, diante de tantas mudanças, o resultado final de 2019 seja o mesmo em 2023. O time que se classificar pegará, ao que parece, a Colômbia, que só depende de si para confirmar a liderança do Grupo H.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube