Fornada em Sistemas Simbólicos, a zagueira dos EUA tem uma impressionante capacidade de leitura da partida e de previsão de jogadas

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Por Maria Eduarda Gonçalves

Já imaginou analisar partidas de futebol como experimento científico? O que teriam em comum futebol e ciência? A zagueira dos EUA, Naomi Girma, examina as partidas usando métodos científicos.

A atleta nasceu em 2000, na Califórnia, mas os seus valores intrínsecos surgiram com seu pai, Girma Aweke. De origem etíope, ele atravessou o país fugindo da guerra civil nos anos 80. Em sua jornada, acabou adoecendo por malária e sobreviveu graças a um casal que não o conhecia e ofereceu abrigo, por 10 dias, até que se recuperasse para seguir viagem. Ganhou, da ONU, o status de refugiado e pôde emigrar para São Francisco. Desde então, sua missão é passar para os filhos a importância de se viver em comunidade, de ajudar e acolher o próximo. “Me deram uma oportunidade. Com oportunidade, o ser humano pode ser qualquer coisa”, disse.

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Naomi começou a jogar futebol no clube Madela, fundado pelo seu pai em South Bay, área da baía de São Francisco. Ela afirma que, graças ao acolhimento da comunidade etíope da região, pôde se tornar quem é.

Com aptidão para o futebol, ganhou uma bolsa para Stanford, uma das melhores faculdades do mundo. Em 2019, se tornou capitã da equipe e conquistou a Women’s College Cup. Mesmo com tamanha responsabilidade, não abandonou seu amor pela ciência e se formou, com altíssimas notas, no GPA (Sistema de Pontuação Universitária Estadunidense), em Sistemas Simbólicos.

Sua formação acadêmica lhe deu uma nova perspectiva do futebol, analisando as partidas como experimento científico. Com essa nova visão, a zagueira tem uma impressionante capacidade de leitura da partida e de previsão de jogadas.

O técnico Vlatko Andonovsk a viu jogando, em Stanford, e decidiu testá-la, por um ano e meio, na seleção. Além disso, foi a 1ª escolha do draft da NWSL (liga dos EUA), pelo San Diego Wave, para a temporada de 2022.

Foto: Arquivo Pessoal


Apesar da carreira em ascensão, Naomi sofreu uma grande perda: o falecimento de sua melhor amiga. Infelizmente, Katie Meyer tirou sua própria vida, meses após a convocação da zagueira. Com a notícia, Naomi liderou a seleção dos EUA em uma campanha de conscientização à saúde mental. Negociou com a FOX Sports para que 1% de sua transmissão da Copa do Mundo de 2023 fosse destinada à importância da saúde mental em todas as suas plataformas. 

Com todos esses desafios, dores e perdas, Naomi se destaca como ser humano, cientista e zagueira. Vê-la jogar e liderar, com tão pouca idade, campanhas importantes é uma inspiração para todas as mulheres do mundo. Nós podemos ser tudo o que queremos, sem que deixemos que as pessoas nos reduzam.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube