Flávio Dino manda PF investigar acordo bilionário de Deltan Dallagnol com autoridades dos EUA
Deltan confessou ter conduzido negociações secretas com autoridades dos Estados Unidos para dividir valor da multa da Petrobras
Deltan confessou ter conduzido negociações secretas com autoridades dos Estados Unidos para dividir valor da multa da Petrobras
O Ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Polícia Federal (PF) após a revelação de indícios de irregularidades durante a gestão do ex-procurador Deltan Dallagnol à frente da Operação Lava Jato, em Curitiba. Deltan confessou ter conduzido negociações secretas com autoridades dos Estados Unidos para dividir multas e penalidades que seriam aplicadas à Petrobras como parte das investigações, em um fundo bilionário.
Conversas via Telegram entre procuradores brasileiros e suíços, divulgadas na semana passada pelos jornalistas Jamil Chade, do UOL, e Leandro Demori, da newsletter A Grande Guerra, e publicado pela NINJA, expuseram essas negociações, levantando questionamentos sobre a conduta dos envolvidos. Diante das informações, a Advocacia-Geral da União (AGU) pode apresentar uma ação de improbidade administrativa contra Deltan, aguardando dados da Petrobras, do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério da Justiça para tomar uma decisão.
A Lei 14.230 define como improbidade administrativa qualquer ação ou omissão dolosa que cause lesão ao erário e resulte em perda patrimonial, desvio, apropriação indevida, malbaratamento ou dilapidação. Além disso, o texto menciona a facilitação ou contribuição para a incorporação indevida de bens, rendas, verbas ou valores ao patrimônio pessoal de pessoa física ou jurídica. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) também pediu uma apuração, ressaltando a má atuação histórica dos membros da Operação Lava Jato.
Em resposta às publicações, Deltan defendeu nas redes sociais a negociação do acordo, mas negou o reconhecimento das mensagens obtidas através de crimes e questionou a autenticidade e ética das mesmas.
As mensagens fazem parte dos arquivos apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Spoofing, que investigou a invasão de celulares de procuradores e deu origem à série de reportagens conhecida como Vaza Jato. As conversas reveladas remontam a janeiro e fevereiro de 2016, período em que procuradores do Brasil e da Suíça consideravam relevante o envolvimento dos Estados Unidos nos acordos relativos à Petrobras. No entanto, não houve menção à Controladoria-Geral da União, órgão competente para tratar desses casos.
Em 2018, a Petrobras fechou um acordo nos Estados Unidos, no qual concordou em pagar uma multa de 853,2 milhões de dólares para evitar um processo, destinando 80% desse valor ao Brasil. Esse pagamento foi crucial para o fundo privado que a Lava Jato tentou instituir, mas que foi impedido pela decisão do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.