Amazônia registra queda no desmatamento, enquanto Cerrado enfrenta pior situação histórica
Cerrado perdeu uma área preocupante de 4.408 km² de mata e enfrenta pior semestre desde o início da série histórica, em 2018
O desmatamento no Cerrado, um dos principais biomas brasileiros, atingiu níveis alarmantes no primeiro semestre deste ano. De acordo com dados recentes, esse período foi o pior desde o início da série histórica em 2018. O Cerrado abrange 14 estados e o Distrito Federal e perdeu uma área preocupante de 4.408 km² de mata, representando um aumento de 21% em relação ao primeiro semestre de 2022. Essa área desmatada é quase quatro vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
Uma informação preocupante é que 77% dos alertas de desmatamento foram registrados em áreas cadastradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Cerrado. Isso indica que grande parte do desmatamento está ocorrendo em locais que deveriam ser protegidos e monitorados.
Desmatamento na Amazônia registra queda
Enquanto o Cerrado sofre com um aumento no desmatamento, a Amazônia registrou uma tendência oposta. O ritmo de desmatamento na maior floresta tropical do mundo apresentou uma queda significativa no primeiro semestre deste ano. Houve uma redução de 34% em comparação com os seis primeiros meses de 2022. Essa diminuição foi ainda mais expressiva em junho, atingindo 41% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O Ministério do Meio Ambiente atribui essa redução ao aumento das ações de fiscalização realizadas na região. O reforço das operações de combate ao desmatamento ilegal e o monitoramento mais rigoroso parecem estar surtindo efeito.
El Niño pode agravar o desmatamento na Amazônia
No entanto, as perspectivas para o segundo semestre não são tão otimistas para a Amazônia. Especialistas alertam que o fenômeno climático El Niño, que pode ser mais forte em 2023, deve agravar os números de desmatamento. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que tende a provocar um clima mais seco em grande parte da região Norte do Brasil. Esse cenário favorece o surgimento de queimadas, que contribuem para o avanço do desmatamento.
Alberto Setzer, coordenador do programa de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), explica que nos anos de El Niño é comum observar um aumento no número de focos de incêndio, principalmente no Brasil central e no sul da Amazônia. O padrão climático resultante do El Niño favorece períodos mais secos e quentes nessas áreas.
Governo se prepara para enfrentar as queimadas
Diante das previsões de possíveis aumentos nas queimadas, o governo brasileiro afirma estar preparado para enfrentar essa situação. Rodrigo Agostino, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ressalta que o recrutamento de brigadistas tem batido recordes, com a contratação de 2.101 profissionais, representando um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Além disso, foram montadas 99 brigadas em todo o país, com destaque para a ampliação das equipes em comunidades indígenas e territórios quilombolas.