Quanto às áreas de ativismo representadas pelos jovens atendidos, 30,6% se autodeclararam ativistas dos Direitos Humanos. Amazonas e Bahia foram estados de maior atendimento

Foto: Mídia NINJA

Em um cenário de transição política, recessão global e alta da inflação, a Rede Autoestima-se realizou um projeto pioneiro no ano de 2022. O projeto, que teve duração de 12 meses, ofereceu psicoterapia individual breve no formato online para cerca de 50 jovens ativistas, entre mulheres e homens de 13 a 29 anos, provenientes de todas as regiões do Brasil.

A iniciativa, com o apoio da Open Society Foundations, contou com profissionais da psicologia de diferentes abordagens, incluindo voluntários, que se dedicaram a prestar suporte psicológico aos participantes do projeto. A pandemia de Covid-19 também influenciou o contexto econômico e sociopolítico no qual o projeto foi realizado.

Durante o período de atendimento, a Rede Autoestima-se conduziu levantamentos e estudos de casos, visando identificar as principais queixas dos jovens ativistas brasileiras. Com base nessas informações, a instituição lançou dois importantes recursos para auxiliar essa população.

O primeiro lançamento foi a cartilha “Cuidar de quem cuida de gente”, voltada para a saúde mental desse grupo. A cartilha aborda temas relevantes e fornece orientações sobre como preservar a saúde mental diante dos desafios enfrentados.

Além disso, a Rede Autoestima-se produziu um artigo científico intitulado “Psicoterapia Breve Online no Atendimento a Jovens Ativistas do Brasil”. O artigo apresenta uma amostra de casos estudados por profissionais da psicologia, que analisaram a eficácia da psicoterapia online como forma de suporte psicológico.

O desenvolvimento da cartilha e a realização do artigo ocorreram no período de fevereiro a maio de 2023, ao final do primeiro projeto piloto de atendimento. A elaboração da cartilha contou com a participação de psicólogas da Rede Autoestima-se, direcionadas pela Diretoria Executiva, que representa jovens ativistas. Já o artigo foi resultado do trabalho de profissionais da saúde mental, reunidos em um Grupo de Estudo para avaliação e análise dos casos.

Projeto revela dados

Ao analisar as solicitações de atendimento recebidas, foram identificados os seguintes dados: 16,7% dos jovens se autodeclaram Homens Cis; 71,4% se autodeclaram Mulheres Cis; 2,4% se autodeclaram mulheres trans; 0,0% se autodeclaram homens trans; 7,1% se autodeclaram não-binários; e 2,4% optaram por não declarar sua identidade de gênero.

Quanto às regiões do país, foram representados 15 estados, sendo os que registraram maior número de solicitações de atendimento foram o Amazonas (21%) e a Bahia (17,7%), totalizando 100% das solicitações. Foram atendidas demandas provenientes de 32 cidades brasileiras.

Quanto às áreas de ativismo representadas pelos jovens atendidos, 30,6% se autodeclararam ativistas dos Direitos Humanos, 38,7% dos jovens se identificaram como ativistas da pauta de Meio Ambiente, 11,3% como ativistas da pauta de Gênero, e 19,4% como ativistas da pauta das Questões Raciais.

Com base nas amostras dos atendimentos realizados, as principais queixas apresentadas pelos jovens ativistas foram ansiedade (26,3%), cansaço (26,3%) e sobrecarga (10,5%). Além disso, foram relatados sintomas de insegurança, solidão, medo, confusão, tristeza, frustração e estresse, cada um com uma prevalência de 5,3%.

A iniciativa

A iniciativa da Rede Autoestima-se adotou um compromisso em cuidar da saúde mental dos jovens ativistas, fornecendo suporte psicológico por meio da psicoterapia breve online. Esses recursos, como a cartilha e o artigo científico, têm como objetivo fortalecer a resiliência emocional desses jovens frente aos desafios enfrentados em sua jornada ativista.