A Câmara de Vereadores de Florianópolis rejeitou, pela segunda vez, o título de cidadão honorário ao músico Gilberto Gil. Foram oito votos favoráveis, seis contrários e duas abstenções na terça-feira (14), diante da proposta feita pelos vereadores Carla Ayres (PT) e Afrânio Boppré (PSOL).

Para ser aprovado, o texto precisava de aval de maioria ampla e pelo menos 12 votos a favor. Gilberto Gil é imortal da Academia Brasileira de Letras, em reconhecimento a imensurável contribuição do artista para a cultura brasileira na música e composições populares.

Em 2020, a iniciativa chegou a ser aprovada em primeira votação, mas, como eram necessárias duas votações por maioria absoluta, oito dos 23 foram contra o título na segunda rodada.

Gilberto Gil vai se apresentar na capital catarinense em 26 de março, durante a Maratona Cultural em comemoração ao aniversário da cidade. A ideia dos vereadores era prestar a homenagem durante a passagem do músico por Florianópolis.

Proposta

O título de cidadão honorário é uma honraria para homenagear pessoas não nascidas em Florianópolis, mas que prestaram serviços relevantes à cidade, ao estado, ao Brasil, à humanidade e são reconhecidos em seus campos de atuação.

Na defesa da proposta, Ayres e Boppré argumentaram que Gil cumpre todos esses requisitos. Ainda citam reconhecimentos como cargo de embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU), ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, a nomeação como “Artista pela Paz” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), além das premiações no meio musical.

O vereador bolsonarista Gilberto Pinheiro (Podemos) pediu vista e afirmou que discorda sobre os requisitos. “Principalmente não vejo ligação do homenageado com o nosso município”, escreveu o parlamentar, que votou contra a proposição.

A caravana passa

Na última terça-feira (14), o cantor Gilberto Gil recebeu o título de doutor Honoris Causa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia.

A Sessão Solene foi realizada na Reitoria do IFBA, no bairro do Canela, em Salvador. Trata-se da mais alta honraria concedida por universidades – públicas e privadas – como forma de premiar e reconhecer o empenho de pessoas que se destacam em suas áreas de atuação, independentemente da formação educacional da personalidade homenageada.

Gil, que conversou com o Alô Alô Bahia com exclusividade antes de receber o título, estava em clima de nostalgia.

“Ao filho da terra, que saiu por aí a semear a arte da canção, a esse filho chamam aqui hoje para prestar-lhe uma homenagem (…) Aqui reproduzimos o hábito da crença na civilidade. Aqui é o tempo e o além do tempo. Obrigado, obrigado e infinitamente obrigado”, disse Gil, que foi aplaudido de pé após receber o título.

A Reitoria do IFBA fica no prédio do antigo Colégio Nossa Senhora da Vitória, que também era conhecido como Colégio Marista, onde o músico cursou o ginásio e o colegial. Ele revelou que o palco da cerimônia foi o primeiro em que subiu para uma apresentação como cantor, quando ainda participava de um grupo artístico da escola:

“Esse lugar aqui é um pouco responsável pelo artista que me tornei”, disse Gil.

A outorga do Título de Doutor Honoris Causa é um reconhecimento do IFBA às contribuições do artista nas áreas da educação, da cultura, da ciência e da tecnologia.