Novas regras de diversidade do próximo ano não mudariam nenhum filme em disputa, diz presidente da Academia
Todos os indicados ao Oscar no passado para Melhor Filme ainda estariam qualificados, mesmo sob as novas regras de diversidade que serão introduzidas no próximo ano, de acordo com a Presidente Janet Yang
Katie Spencer, correspondente de arte e entretenimento da Sky News, traduzido por Aline Gomes para cobertura colaborativa Cine NINJA
Numa conversa exclusiva para o Sky News, antes da cerimônia do Oscar do domingo, quando questionada se mesmo um filme como Nada de novo no front – o topo de uma produção com homens brancos – estaria elegível sob os novos critérios da Academia (que passam a valer em 2024), Yang confirma: “Nós achamos que, dadas as novas diretrizes, todos as nomeações estariam qualificadas”.
Explicando como as mudanças são mais sobre encorajar os estúdios a serem mais responsáveis, Yang explica: “É quase uma forma das pessoas se sentirem um pouco mais conscientes sobre essas coisas”.
Depois da controvérsia hashtag #OscarsSoWhite, que explodiu em 2015, a pressão recaiu sobre a Academia para liderar as melhorias de representatividade na indústria.
Historicamente o número de membros votantes esmagadoramente composto por homens velhos e brancos cresceu dramaticamente, por volta de 9.500 membros votantes neste ano.
Além disso, as novas regras de diversidade da Academia forçaram os estúdios a contemplarem dois de quatro critérios em seus filmes para que possam ser elegíveis para Melhor Filme em 2024 – como assegurar que um terço do elenco seja de grupos de pouca representatividade ou que 30% da equipe seja de diversos grupos raciais ou étnicos.
A mudança tem sido amplamente anunciada como um progresso, mas como Yang disse à Sky News, a regulamentação é um processo complicado.
“É encontrar um balanço certo. Nós queremos regras que façam sentido, que mantenha as pessoas atentas sobre isso, mas sem dizer o que elas devem fazer”, explicou a produtora de cinema e presidente da Academia.
Embora os atores asiáticos tenham recebido um recorde histórico de quatro indicações este ano, nenhuma mulher foi indicada para Melhor Direção e somente dois atores negros foram indicados nas categorias de atuação.
Sobrancelhas foram levantadas quando os indicados foram anunciados no mês passado, revelando que a Academia simplesmente ignorou as atuações aclamadas de Danielle Deadwyler em Till e Viola Davis em A Mulher Rei.
Durante o no BAFTA, Viola Davis disse para a Sky News: “Como artista, e havia muitas mulheres artistas e artistas negras trabalhando no nosso filme, nós queremos ser reconhecidas pelo nosso talento, pela nossa excelência, por nosso trabalho. São pessoas que trabalham há anos, décadas, fazendo o que fazemos, e não sendo notadas”
Para Gina Prince Bythewood, a diretora de A Mulher Rei, uma das ausências da categoria de Melhor Direção que neste ano são todos homens, algo precisa ser feito.
“Tem sido duro para as mulheres ter seu trabalho reconhecido da mesma maneira… não se trata somente sobre mim, mas é sobre um sistema problemático que sempre esteve vigente”, disse Bythewood para a Sky News.
E a co-estrela de Viola Davis, John Boyega, disse à Sky News que se trata sobre o melhor trabalho ser aplaudido: “Não deveria ser sobre a herança ou a cor da pele de ninguém, mas sobre o trabalho que fala por si, o que definitivamente levanta algumas questões legítimas e genuínas.”
De acordo com a própria análise da Sky News sobre os ganhadores do Oscar, podemos ver que há mais vencedores de diferentes origens étnica nos anos recentes e, segundo a nova pesquisa da USC Annenberg Inclusion List e da Adobe Foundation, 8% dos indicados eram de grupos raciais sub-representados ou étnicos entre 2008 a 2015 (antes da #OscarsSoWhite), mas entre 2016 e 2023 (depois da #OscarsSoWhite) esse número cresceu para 17%.
Até para mulheres indicadas, a porcentagem cresceu de 21% para 27% no mesmo período.
O que sugere que a campanha #OscarsSoWhite teve impacto, mas o progresso parece ser lento e aparentemente complicado de se regulamentar.
Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2023