“Quem manda no Brasil não é a Faria Lima. Quem manda no Brasil é o povo que elegeu Lula, que quer renda e oportunidade”, disse o deputado federal Guilherme Boulos

Foto: Senado Federal

Cresce a pressão no Congresso Nacional para cobrar explicações do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a taxa de juros estar no patamar de 13,75%, sendo a mais alta taxa real do mundo.

Em seu primeiro pronunciamento na tribuna da Câmara Federal, nessa quinta-feira (8), o deputado Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que o partido rá protocolar o pedido de convocação do presidente do BC. Se aprovado, Campos Neto deverá prestar esclarecimentos na Comissão de Assuntos Financeiros.

A lei da autonomia do BC impede que Campos Neto seja convocado por parlamentares, o que levou à escolha do PSOL por requerimento de convite. O deputado também anunciou que o partido deverá protocolar um Projeto de Lei para sustar a independência do Banco Central, diante dos juros alto.

No WhatsApp

Para Boulos, ao manter alta taxa de juros, o presidente do BC age como “sabotador da política de redução de juros.” O líder do governo Lula na Câmara dos Deputados colocou em xeque a autonomia de Neto em controlar os índices econômicos, sem a interferência política. Boulos lembrou que Neto foi flagrado interagindo com bolsonaristas no grupo de WhatsApp ‘Ministros de Bolsonaro.

“Nós tivemos nos últimos dias, o presidente do Banco Central querendo ser o dono da política econômica brasileira e contrariar a vontade de 60 milhões de eleitores. O presidente Lula disse, com muita razão, que é um absurdo, um disparate manter essa taxa de juros tão alta. E, digo mais, essa independência do Banco Central é uma farsa. Como falar de um BC independente com o senhor Campos Neto, que é um infiltrado, que até outro dia estava em grupo de WhatsApp de ministro de Bolsonaro, e quer se colocar como independente, qual a isenção que tem?! Está boicotando a queda da taxa de juros, que é essencial para recuperar o emprego e a renda”, disse.

Gleisi também critica BC

Mais cedo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, endossou críticas de Lula à atuação do BC. A petista afirmou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) está “muito mais crítico” ao governo atual do que ao do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o ‘mercado’ também aquiesceu”, escreveu Gleisi no Twitter.

A deputada fez referência a medidas que o governo anterior conseguiu aprovar no Congresso às vésperas da eleição, como o limite de 17% para o ICMS sobre combustíveis e a ampliação temporária do valor do Bolsa Família, chamado então de Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, sem uma proposta rígida de controle fiscal. No ano passado, contudo, o BC fez diversos alertas sobre os riscos fiscais.

É “uma vergonha” e “não tem explicação”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a atuação do Banco Central na condução da política monetária e voltou a questionar o atual patamar da taxa básica de juros (a Selic), mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

“Não existe justificativa nenhuma” para a taxa de juros seguir nos níveis atuais, disse o presidente. A declaração foi feita  na posse de Aloizio Mercadante como novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse mais uma vez que

“Não existe nenhuma justificativa, nenhuma justificativa, para que a taxa de juros esteja, neste momento, a 13,5%. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, afirmou.

Sim, o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo

A taxa básica de juros (Selic) brasileira está estagnada em 13,75%, desde junho do ano passado. Na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), a autoridade decidiu pela manutenção da taxa Selic. Assim, o Brasil segue com a maior taxa de juros reais de todo o mundo.

Os juros reais são definidos a partir do desconto da projeção inflacionária para os próximos 12 meses. Nesse sentido, a taxa de juros real do país é de 7,38%. Em relação ao juro nominal, a realidade também não é muito diferente. O ranking mundial foi realizado com base no levantamento realizado pelo Moneyou em parceria com a Infinity Asset Management.

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