Intenso e político, “A Alegria é a Prova dos Nove”, de Helena Ignez, estreia na 26ª Mostra de Tiradentes
Filme foi exibido na última segunda-feira (23), com a presença de Ney Matogrosso
Por Sérgio Madruga
As expectativas eram altas para o novo lançamento de Helena Ignez, grande referência feminina no cinema experimental e de contracultura brasileiro. A cineasta havia finalizado “A Alegria é a Prova dos Nove” pouco tempo antes de sua grande estreia na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, e como mais um ato que ressalta sua irreverência, não deixou o elenco assistir ao corte final, deixando para verem o resultado junto ao público.
Misturando gêneros, técnicas e narrativas, “A Alegria é a Prova dos Nove” foi exibido na última segunda-feira (23), como parte da Mostra Olhos Livres. O longa conta com o grande artista da música popular brasileira Ney Matogrosso, em mais uma parceria com Helena. Na trama, eles interpretam Jarda e Lírio, um casal que relembra a juventude repleta de liberdade e experiências. Em uma viagem ao Marrocos, nos anos 70, um acontecimento impacta negativamente a vida de Jarda, um trauma que é mostrado em desdobramentos ao longo do filme até seu ápice final.
A produção, que é cheia de inserções políticas, de reflexão e provocação, casa perfeitamente com o momento atual da cultura brasileira. Ao levantar temas como feminismo, prazer feminino, liberdade, drogas e questões sociais, “A Alegria é a Prova dos Nove” integra o grande primeiro evento cinematográfico nacional, ressaltando a importância da cultura e do audiovisual brasileiro.
“Acho que está tudo alinhado”, afirma Helena Ignez. “Porque é de uma importância enorme esse festival, é a abertura de uma nova era, não há menor dúvida (…) Então é um momento de felicidade imensa para nós todos, e o filme tem tudo a ver, isso é uma coincidência, se existem coincidências, então foi uma”, completou.
Além de Helena e Ney, o filme tem elenco formado por Amjad Milhem, André Guerreiro Lopes, Arthur Alves dos Santos, Barbara Vida, Dan Nakagawa, Danielly O. M. M, Djin Sganzerla, Fernanda D’Umbra, Fransérgio Araújo, Guilherme Gagliardi, Guilherme Leme, Jesus Cubano, Judite Santos, Julia Katarine, Lea Arafah, Mário Bortolotto, Michele Matalon, Negro Leo, Nill Marcondes, Rafael Rudolf, Samuel Kavalerski, Thaís de Almeida Prado e Vera Valdez.
“É o sexto filme que faço para a Helena Ignez. Sempre que atuo, faço também parte da assistência de produção, fotografia… A gente tem essa parceria de muitos anos, e assim como outras pessoas da equipe. Acho que o filme da Helena é composto por quase um grupo de teatro no cinema que ela mesma cria”, conta Barbara Vida, que interpreta Sheyla Fernanda, e revela também a sua reação após assistir ao longa: “Eu tô ainda em choque com o filme, ele é muito forte. Acompanhando a trajetória da Helena, acho que é um desabafo de uma mulher de 83 anos, que fala sobre orgasmo, cannabis e muitos temas polêmicos”.
Uma vez que o filme possui uma veia política muito marcante, relacioná-lo ao momento de transição do governo brasileiro é inevitável. Sobre isso, Ney Matogrosso disse estar feliz em fazer parte dessa conjuntura: “Eu acho ótimo tá fazendo parte desse momento de transformação do Brasil. Estou presente com o meu trabalho musical, mas estar presente no cinema também é muito importante para mim nessa transição né”, afirmou o artista.
“Tudo o que eu vi até agora, eu fiquei muito entusiasmado. Aquela subida da rampa (na posse do Presidente Lula) foi a coisa mais impressionante que eu não poderia imaginar que aconteceria um dia. E o fato do presidente ir agora aos Yanomami ver de perto aquela situação é muito importante. Muito sério você ver um presidente realmente preocupado com o bem estar de pessoas que foram tão maltratadas”, comenta Ney Matogrosso.
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