Taças do Brasil: É TETRA!
Depois de um jejum de 24 anos, a Seleção Brasileira conta com Romário e Bebeto para voltar a levantar a taça da Copa do Mundo. Confira a quarta parte do especial “Taças do Brasil”
Por Mariana Walsh e Rafaella Azevedo
Após a conquista do tricampeonato, a seleção brasileira sofreu com um período de 24 anos sem conquistar o título mundial. Mesmo contando com grandes talentos, as gerações que vieram depois de Pelé, Garrincha e Jairzinho não conseguiram se consagrar. Em 1982, por exemplo, a seleção comandada por Telê Santana, que contava com Zico, Sócrates, Falcão e entre outros, encantava o mundo – mas caiu na semifinal, após um jogo emocionante em que a Itália venceu por 3 a 2.
No entanto, no dia 17 de julho de 1994, o Brasil colocou fim ao jejum no estádio Rose Bowl, nos Estados Unidos. Em um jogo histórico, o time brasileiro contou com a eficiência de Taffarel no gol para vencer a seleção italiana, como numa revanche pela derrota em 82, nas cobranças de pênalti.
A escalada até o topo
A seleção brasileira chegou desacreditada ao torneio, afinal, quase havia perdido a vaga na competição por uma campanha ruim nas eliminatórias. A estreia na Copa de 1994 aconteceu diante da Rússia, com Romário e Raí garantindo a vitória brasileira por 2 a 0. Em seguida, com gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto, o time brasileiro venceu Camarões por 3 a 0. Pela última rodada, em um jogo de muito equilíbrio, Brasil e Suécia empataram por 1 a 1, com o Baixinho decidindo novamente.
No início da fase mata-mata, nas oitavas de final, o adversário dos brasileiros foi o time dono da casa no dia do feriado mais importante do país sede. Em um 4 de julho, a seleção brasileira sofreu com a pressão dos americanos, mas mesmo com um a menos (após a expulsão de Leonardo) fez 1 a 0 no segundo tempo, com uma jogada que se iniciou com Romário, arrancando pelo meio e passando para Bebeto bater cruzado para o fundo da rede. Com o resultado, o Brasil se classificou para as quartas de final.
Considerado um dos melhores jogos dessa edição da Copa do Mundo, Brasil e Holanda se enfrentaram em busca de uma vaga na semifinal. O primeiro tempo não teve muitas emoções e as seleções foram para o vestiário com o placar zerado. Já na segunda metade, os canarinhos brilharam com Romário marcando logo aos 53′ e dez minutos depois, Bebeto também deixando o dele. Perdendo, os holandeses foram para cima e empataram a partida com gols aos 64’ e 76’. Faltando 9 minutos para o fim do jogo, Branco acertou uma cobrança de falta perfeita, garantindo a vitória e a classificação brasileira.
Repetindo o confronto da fase de grupos, a Suécia jogou contra o Brasil na briga por uma vaga na final. Assim como no jogo anterior, o time brasileio encontrou dificuldade diante da forte defesa sueca e perdeu alguns gols ao longo da partida. Faltando apenas 10 minutos para o final, com o relógio marcando 80’, o Baixinho fez um inesquecível gol de cabeça e carimbou a passagem da seleção brasileira para a finalíssima.
Na grande final, Brasil e Itália se enfrentaram na briga pelo título. Com grandes nomes em ambos lados, o confronto foi difícil e muito equilibrado, em consequência, o jogo terminou em um empate sem gols, tal como a prorrogação. Dessa forma, a decisão ficou para as penalidades. Começando, os zagueiros Baresi e Márcio Santos perderam suas cobranças. Em seguida, Albertini e Evani marcaram para a Itália, assim como Romário e Branco para o Brasil. Com uma defesa de Taffarel e um gol convertido por Dunga, a seleção brasileira ficou em vantagem.
Assim, a decisão ficou nos pés de Roberto Baggio e nas mãos do goleiro brasileiro. Enquanto o camisa 10 da seleção italiana se preparava para a cobrança, o Brasil inteiro se calou, em um momento de tensão máxima. Considerado um dos melhores jogadores da época, o italiano chutou para fora e consagrou a seleção brasileira. O Brasil se tornava tetracampeão mundial e Dunga, o capitão dessa geração, levantou a taça. A conquista ficou marcada pelo famoso “É TETRA! É TETRA!” e “VAI QUE É TUA, TAFFAREL” na voz emocionada do narrador Galvão Bueno.
Grupo campeão em 1994: Taffarel, Zetti, Gilmar, Jorginho, Cafu, Branco, Leonardo, Ricardo Rocha, Ronaldão, Aldair, Márcio Santos, Mauro Silva, Dunga, Mazinho, Zinho, Raí, Romário, Bebeto, Paulo Sérgio, Muller, Ronaldo e Viola. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
A grande conquista após uma perda
No Brasil, o povo explodiu de alegria e foi para as ruas comemorar. Nesse mesmo ano, no dia 1º de maio de 1994, Ayrton Senna faleceu em um acidente de carro durante uma corrida de Fórmula 1. Ainda no gramado, comemorando a conquista, o time brasileiro estendeu uma faixa que dizia: “Senna… Aceleramos juntos, o tetra é nosso!”. A morte do piloto deixou a nação completamente desolada, e o título da Copa do Mundo colocou um sorriso no rosto dos brasileiros novamente.
Em 20 de abril de 1994, Senna deu o pontapé inicial do amistoso entre Brasil e PSG. Naquele dia, ele cumprimentou todos os jogadores e desejou que o tetracampeonato da Copa do Mundo fosse conquistado – e a Seleção almejou os mesmos votos ao brasileiro, que estava na disputa pelo título da temporada de 94.
“A gente tinha que ganhar esse campeonato. Não só para nós, mas para poder dar uma alegria para todos os fãs do Ayrton, que foi aquele cara que inspirou a seleção, que inspirou a todos nós. Era um cara muito dedicado e ele era muito determinado, muito focado nos seus objetivos. E outra coisa: um patriotismo nas veias. Ele amava o povo brasileiro e o povo brasileiro amava ele também. Então era uma oportunidade que poderia ter sido a última nossa e a gente tinha que conquistar esse título. Para dar essa alegria e estar dedicando para o Ayrton Senna”, disse Bebeto ao Senna TV.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube