“Quando Falta o Ar”, “Marte Um” e “O Território” podem ser indicados na 95ª edição do evento

Fotos: Divulgação

Por Sérgio Madruga

Faltam pouquíssimos dias para descobrirmos a lista de pré-selecionados do Oscar 2023. A prévia será revelada no dia 21 de dezembro, mas a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelas nomeações, anunciou na última terça-feira (6), os 259 títulos elegíveis para as categorias de Animação, Documentário e Filme Internacional.

Três filmes nacionais estão presentes na lista: o já consagrado “Marte Um”, de Gabriel Martins, elegível para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional; “O Território”, de Alex Pritz, e “Quando Falta o Ar”, de Ana e Helena Petta, ambos podendo concorrer na categoria de Melhor Documentário.

As expectativas são altas! As produções representam diferentes situações e realidades brasileiras. “Marte Um” foca na realidade e nas questões de uma família negra e periférica de Minas Gerais. “O Território” mostra a luta do povo indígena Uru-eu-wau-wau em preservar sua cultura e suas terras. E por fim, “Quando Falta o Ar” acompanha o árduo trabalho dos profissionais da saúde em áreas marginalizadas, durante a pandemia de Covid-19.

Para Gabriel Martins, criador de “Marte Um”, seu filme é especial por apresentar a história de pessoas comuns, num recorte que a princípio, pode não parecer extraordinário. Mas é a partir dessa abordagem, que o filme ganha uma leitura poética e bastante relacionável.

“É um filme que fala sobre sonhos”, diz Gabriel.

“O Brasil carrega dentro de si uma energia muito potente, de muitos povos, muitas culturas, muitas crenças se unindo para construir algo muito bonito, mas que é uma beleza contraditória. Porque é um país com imensas contradições, com coisas mal resolvidas. Mas que ao mesmo tempo, constrói nessa contradição uma poesia, que pode ser agridoce, que pode ser o que quer que se chame, né? Mas ela é histórica, ela é parte do nosso povo”, completa o diretor.

Ainda segundo o cineasta mineiro, “Marte Um” tenta endereçar esse sentimento brasileiro de fazer parte de um lugar, que é construído de maneira complexa: “E o filme tenta se dar essa complexidade a partir da humanidade dos personagens”, explica.

A ótima notícia, que nos dá bastante esperança em quebrar o hiato de 25 anos com uma indicação de Filme Internacional, é que a Array Realising, companhia da cineasta Ava DuVernay, comprou os direitos de distribuição do nosso candidato para exibi-lo nos Estados Unidos. O filme estreia nos cinemas norte-americanos no dia 5 de janeiro, e simultaneamente será disponibilizado na plataforma de streaming Netflix. O lançamento internacional de “Marte Um”, através da empresa de DuVernay, pode ajudar bastante o filme a atingir seu grande objetivo.

O documentário das irmãs Ana e Helena Petta, “Quando Falta o Ar”, também está na corrida por visibilidade internacional. O filme foi exibido em algumas cidades estadunidenses, contanto inclusive, com a ajuda do ator e diretor Wagner Moura, que apresentou uma das sessões.

“‘Quando Falta o Ar’ é um filme que mostra a força de um SUS diverso e resistente. Médicas negras, indígenas, enfermeiras e agentes comunitárias. O cuidado que chega às populações ribeirinhas, presídios e periferias. A memória da pandemia, nossa tragédia, através da resistência das trabalhadoras da saúde”, afirma a cineasta Ana Petta.

O filme de Ana e de sua irmã e médica Helena Petta, foi o grande vencedor da 27ª edição do Festival É Tudo Verdade – um dos maiores festivais de documentários da América Latina. O idealizador do evento, Amir Labak, chegou a dizer que: “É um registro extraordinário de um momento heróico e macabro da história do Brasil contemporâneo (…) É um filme único, urgente e inesquecível”.

Além das irmãs Petta, outra produção busca uma nomeação na categoria de Documentário no Oscar, trata-se de “O Território”, filme já consagrado de Alex Pritz. O documentário fornece um olhar imersivo sobre a luta incansável do povo indígena Uru-eu-wau-wau contra o desmatamento invasor trazido por fazendeiros e colonos ilegais na Amazônia brasileira. Além de inúmeras indicações em eventos cinematográficos mundiais, o filme recebeu dois prêmios na edição deste ano do importante Festival de Sundance: Prêmio Especial do Júri de Obra Documental e Prêmio do Público de Documentário do Cinema Mundial.

“O Território” tem nomes como Darren Aronofsky (“Mãe”, “Cisne Negro”) na produção, além dos indígenas Txai Suruí, Tejubi Uru-eu-wau-wau e Potei Uru-eu-wau-wau. Tangãi Uru-eu-wau-wau, que recentemente foi indicado ao Critics Choice Documentary Awards, assina a fotografia.

“Vemos este filme como uma janela para a Amazônia brasileira, e nossa equipe está muito orgulhosa de ter feito este filme em coprodução com o povo indígena Uru-eu-wau-wau. Fazer parte da longa história do cinema brasileiro é uma honra para nós”, relata Alex Pritz, diretor do documentário.

No dia 21 de dezembro, a Academia do Oscar divulgará a lista prévia de selecionados. O anúncio oficial dos indicados ocorrerá em 24 de janeiro de 2023, já a premiação, está marcada para 12 de março.

Leia mais:

Aclamado e premiado, ‘Marte Um’ concorre a uma vaga no Oscar 2023

‘Quando Falta o Ar’: documentário brasileiro sobre a importância do SUS está na corrida ao Oscar 2023