Assédio no futebol: copa é festa, mas com respeito
Infelizmente ainda são comuns casos de assédio contra mulheres jornalistas em campeonatos esportivos
Por Sthefany Canez
Dada a largada para a copa do mundo, os repórteres estão sempre nas ruas para cobrir um dos eventos mais esperados por toda a população mundial, porém o respeito dos torcedores sempre fica em falta.
Na Copa de 2018 infelizmente múltiplos casos de machismo foram flagrados nas televisões ao redor de muitos países. De acordo com o Globo Esporte, o diretor da “Fare Network” afirmou que foram relatados 45 casos de assédio contra mulheres, sendo 15 jornalistas e 30 torcedoras. Um dos exemplos que ficaram marcados na cabeça dos brasileiros foi com a repórter Julia Guimarães da TV Globo, ao fazer a cobertura entre Japão X Senegal na copa da Rússia. Ela foi vítima de assédio sexual e logo após o infeliz ato do torcedor, a repórter dá uma bronca no mesmo.
Lamentável: torcedor tenta beijar repórter Julia Guimarães antes do jogo entre Japão e Senegal em Ecaterimburgo. Hoje o @showdavida exibe reportagem sobre assédio contra mulheres na Rússia pic.twitter.com/UpuF1KtNf9
— ge (@geglobo) June 24, 2018
Entretanto, este não foi o último caso. Neste ano, na partida de Flamengo X Vélez, a repórter Jéssica Dias da ESPN também foi vítima de assédio sexual por um “torcedor” rubro-negro que deu um beijo em seu rosto. Logo em seguida foi preso em flagrante.
Uma jornalista trabalhando num ambiente majoritariamente masculino e, portanto, hostil a todas nós. Além do beijo, que por si só já é asqueroso, o sujeito ainda a apalpou. Ele está detido! Que pague pelo crime de assédio. Toda solidariedade à Jéssica Dias! pic.twitter.com/t4DJOCgtq5
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) September 8, 2022
Com cada vez mais casos estão sendo televisionados e é importante que se abra espaço para debater sobre isso, pois estamos falando de comportamentos que refletem o dia a dia das mulheres e a forma como queremos e devemos ser tratadas.
Em uma entrevista ao podcast “Fala Brasólho”, a jornalista Fernanda Gentil abriu o jogo ao dizer sobre os casos de assédio ao longo de sua carreira e como isso é um assunto sério a ser abordado.
“Repórter de campo está muito na fogueira o tempo inteiro. Você cruza o campo para falar com o jogador e o time está ganhando? É ‘Gostosa!’. Não curto. Não é assim que quero ser chamada de ‘gostosa’. Por 30 mil pessoas em um estádio? Dessa maneira nojenta? Se cruza o campo e o time está perdendo, é ‘piranha'”, disse.
“E não pode normalizar. Eu achava que era do jogo e estava muito focada onde eu estava mirando, o que não justifica eu não ter lutado pelos meus direitos. Era o mínimo que eu podia fazer, mas hoje em dia sei que deveria ter lutado”.
Isso reflete os momentos atuais em que vivemos, no Brasil de acordo com a Folha de São Paulo 65,7% dos casos de assédio sexual na adminsitração pública foram concluídas sem penalidade para os acusados.
Por isso, é interessante que cada vez mais essa pauta apareça não só nos grandes eventos, mas também no Brasileirão série A, B, C, Copa do Brasil e etc, para que isso não seja nunca mais normalizado e que haja punição.
Com informações de Globo Esporte, IstoÉ e Conjur
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube