Por Patrick Simão

O futebol brasileiro possui inúmeros ídolos e heróis negros, e ainda assim são constantes os casos de racismo explícito ou estrutural observados no nosso futebol. A primeira grande luta contra o racismo no futebol brasileiro aconteceu na década de 20, com o Vasco da Gama. Naquela época, o futebol ocorria somente em âmbito estadual e os Campeonato Carioca e Paulista eram os principais do país.

Em 1905, o Bangu já havia tido o primeiro negro a jogar profissionalmente, e em 1914 o Fluminense foi apelidado (então de forma pejorativa) de “pó-de-arroz” devido ao produto que o jogador Carlos Alberto utilizava para se embranquecer. Uma década depois, mais precisamente no Carioca de 1923, a história dos negros no futebol começou a mudar. O Vasco não fazia parte dos principais times do Rio de Janeiro, que tinham elencos formados por jogadores brancos, da Zona Sul carioca.

Já o Vasco foi formado inteiramente por negros e operários, e vinha do título da 2ª divisão. Com jogadores estigmatizados que além dos jogos ainda trabalhavam, o Vasco foi Campeão Carioca pela primeira vez em 1923, com uma irretocável campanha de 12 vitórias, 1 empate e apenas 1 derrota. Para mostrar o quão inesperada era essa conquista, a Federação não permitia que o Vasco disputasse a elite do Carioca em 1924, a menos que seus jogadores fossem brancos.

A competição então foi dividida em duas organizações: a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos, que contava com os tradicionais times e foi vencida pelo Fluminense, e outro torneio, organizado pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, vencida pelo Vasco. Os cruzmaltinos venceram todos seus 14 jogos, com 40 gols marcados e 9 sofridos.

Devido ao tamanho e popularidade que o Vasco alcançou com essas conquistas e também com sua postura, em 1925 o time foi convidado a participar do Campeonato Carioca. Eles ficaram em 3º lugar com 29 pontos, a apenas dois do campeão Flamengo. Mas a partir daí o Vasco se tornou um dos principais times do país. Já os negros começaram a ter mais abertura nos principais times, embora a luta contra o racismo no futebol persista até hoje.

Matéria produzida por @patricksimao_
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