Um grupo de jornalistas foi perseguido e hostilizado por dezenas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que discursou na Assembleia de Deus para pedir voto, nesta terça-feira (4). Antes, o bispo Samuel Ferreira, da igreja evangélica indicou que a imprensa não era bem-vinda.

Segundo reportagem do Jornal Folha de S. Paulo, antes de Bolsonaro subir ao púlpito para falar aos fiéis que lotavam a igreja no bairro do Brás, na zona central de São Paulo, o bispo ameaçou de processo veículos de comunicação que registrassem o culto sem autorização.

“Receberemos aqui algumas autoridades que foram convidadas por nós. Somente esses e membros da igreja podem permanecer aqui”, afirmou o bispo.

“Se algum órgão de imprensa não autorizado estiver presente saiba que está atrapalhando o bom andamento desta assembleia e saiba que pode ser processado por atrapalhar o culto em local que é guardado pela Constituição. […] Esse é um assunto de família”, completou.

No momento em que Bolsonaro subiu ao púlpito, seguranças da igreja pediram aos fiéis que desligassem os celulares.

Uma fotojornalista da agência Reuters foi expulsa do culto. Depois, uma equipe da Globo foi vaiada por apoiadores de Bolsonaro e teve de deixar o local escoltada por seguranças.

Imprensa hostilizada em culto

Em vídeo divulgado pela agência Sputnik Brasil mostra a perseguição aos jornalistas começou após a saída da comitiva do presidente do estacionamento no subsolo do templo, no bairro do Brás, na capital paulista. Após a partida do chefe do Executivo, centenas de fiéis, apoiadores de Bolsonaro, cercou a imprensa ao avistar os profissionais e passou a hostilizá-los com gritos e xingamentos.

Após sua participação no culto , Bolsonaro deixou o local em um comboio escoltado sem falar com a imprensa — que aguardava a saída do presidente no acesso ao estacionamento do templo, localizado na rua Coimbra.

A agência denuncia também que mesmo com a forte presença da polícia no evento, os agentes de segurança não agiram para conter o tumulto e no momento de maior tensão uma viatura da Polícia Militar deixou o local.

“Os jornalistas foram amparados por um pequeno grupo de pessoas ligadas à igreja Assembleia de Deus, que auxiliou na proteção dos profissionais durante o trajeto até o estacionamento enquanto os apoiadores os perseguiam. Uma das fiéis que ajudou a proteger os jornalistas se mostrou indignada com a situação e afirmou aos profissionais que aquilo “não representava os cristãos” da igreja”, informou a Sputnik.

Bolsonaro busca apoio evangélico e de nordestinos

Como parte da agenda de campanha à reeleição, Jair Bolsonaro esteve em dois eventos evangélicos na capital paulista. O primeiro foi a Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no estado de São Paulo, realizado no bairro paulistano do Belenzinho durante a tarde. Com a justificava de que se tratava de um evento fechado, a imprensa foi impedida de entrar pelos seguranças da igreja.

Já no início da noite, Bolsonaro discursou para milhares de fiéis na Assembleia de Deus Madureira, no Brás, em São Paulo, antes da confusão promovida por apoiadores de seu governo. Durante o evento, Bolsonaro teceu críticas ao seu adversário no segundo turno das eleições para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pediu para os presentes conquistarem votos dos nordestinos.

Os encontros ocorreram no mesmo dia em que um vídeo antigo em que Bolsonaro discursa em um evento maçônico viralizou na Internet e gerou polêmica entre apoiadores da campanha do presidente à reeleição.

Participaram dos cultos a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador recém-eleito Marcos Pontes (PL), a senadora recém-eleita Damares Alves (Republicanos), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), além do candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e da deputada federal Carla Zambelli (PL).

Envolvimento com a maçonaria

A recordação foi compartilhada no mesmo dia em que um vídeo de Bolsonaro discursando em um templo maçônico viralizou nas redes sociais. O conteúdo que sugere ligação de Bolsonaro com a organização foi reprovado por grupos bolsonaristas.

Em 1983, o então cardeal Joseph Ratzinger, que depois se tornou o Papa Bento 16, assinou documento em nome da Santa Sé reforçando “o parecer negativo da igreja a respeito das associações maçônicas”.

Vaiado por profissionais da saúde

Após peregrinar entre os evangélicos, Bolsonaro foi ao Hospital das Clínicas, por volta das 22h, visitar dois policiais militares baleados em uma seção eleitoral no domingo.

Bolsonaro desistiu de utilizar a entrada principal, onde o esquema de segurança o aguardava. A comitiva do presidente tomou a medida diante da presença de um grupo que protestava contra o presidente.

Dezenas de profissionais da saúde e estudantes exibiram cartaz no qual dizia 700 mil mortes. Uma alusão aos óbitos em decorrência da Covid-19.

Dentro do hospital, apoiadores e críticos cercaram Bolsonaro. O presidente conversou com os familiares dos policiais. O HC não informa o estado de saúde dos policiais.

O crime ocorreu na Escola Estadual Deputado Aurélio Campos, no bairro Cidade Dutra, zona sul da capital. Uma PM foi atingida no abdômen, enquanto seu colega foi atingido na cabeça e no ombro.

Com informações do Jornal Folha de S. Paulo e Agência Sputnik Brasil