O crescimento do PSOL é negro, feminista e popular
O PSOL-RJ se tornou o maior partido da esquerda no Estado do Rio de Janeiro a partir de 2018. Essa afirmação se refere ao que demonstrou o resultado das eleições proporcionais. Fundado em 2005, o PSOL saiu do último pleito estadual no Rio com uma margem aproximada de 150 mil votos à frente dos demais […]
O PSOL-RJ se tornou o maior partido da esquerda no Estado do Rio de Janeiro a partir de 2018. Essa afirmação se refere ao que demonstrou o resultado das eleições proporcionais. Fundado em 2005, o PSOL saiu do último pleito estadual no Rio com uma margem aproximada de 150 mil votos à frente dos demais partidos de esquerda. O desempenho permitiu a eleição de cinco parlamentares, entre os quais três mulheres negras. Esse crescimento aumentou a responsabilidade do partido em relação às causas que defende; aos setores sociais que representa; ao seu papel na luta para derrotar o bolsonarismo em seu próprio berço.
A participação do Socialismo e Liberdade no total de votos destinados à esquerda no Estado do Rio subiu de 29% para 35%, de 2014 para 2018, ano em que conquistamos a nossa mandata feminista. No município, essa participação aumentou de 47,5% para 52%, de 2016, quando Marielle Franco foi eleita vereadora, para 2020. Nas urnas federais, o aumento foi de 30% para 40%, de 2014 para 2018.
Com maior concentração de eleitores na Zona Sul do Rio, o PSOL tem se esforçado no sentido da sua expansão para as periferias da Região Metropolitana e para o interior do estado. Nossa mandata tem se destacado nesse rumo: obtivemos 72% da nossa votação na capital, de urnas localizadas na Zona Norte, Oeste e Centro. Em 2020, na campanha municipal para a Prefeitura do Rio, também registramos 84% dos votos fora da Zona Sul. Fomos a candidatura mais votada da esquerda em 2018 em 11 dos 30 maiores colégios eleitorais do estado.
Esses dados foram analisados pelo nosso assessor Seimour Souza, jovem negro, cientista político, coordenador da Uneafro, cria do Jacarezinho, favela da Zona Norte onde ele coordena o pré-vestibular comunitário Nica. Justamente, construímos a nossa mandata com o povo das favelas, das periferias, dos terreiros e outros quilombos. Não seria legítimo, nem factível, do ponto de vista dos nossos desafios, ocupar a política sem construir a nossa atuação com o nosso povo, coletivamente.
A luta contra o bolsonarismo é a luta pela preservação da vida, da liberdade e dos direitos mais básicos do nosso povo. O bolsonarismo, que no Rio de Janeiro se manifesta encarnado no governo Castro, promove o extermínio da juventude negra pela violência policial, ataca as mulheres e LGBTQIA+ ao estimular a violência de gênero, cerceia a liberdade de expressão ao atacar a imprensa e disseminar fake news, ameaça o povo de axé ao disseminar a intolerância religiosa, produz alienação de massa ao sabotar e militarizar a educação pública, despreza a vida de toda gente pobre ao negligenciar a saúde e causar o desemprego, a miséria e a fome.
Mas, para além dos desafios circunstanciais, há os históricos. E os nossos passos vêm de longe. Lutamos contra as desigualdades raciais e de gênero, sociais e econômicas historicamente constituídas como a realidade brasileira. No Rio de Janeiro, a nossa mandata procura ser expressão, especialmente, da força das mulheres pretas das favelas e da periferia. São as pretas que hoje estão na centralidade do combate ao bolsonarismo no Rio e no país, e que lideram um movimento que não pode parar de crescer, que precisa se tornar cada vez mais forte até a conquista de uma mudança estrutural da sociedade, com a garantia da vida e dos direitos do povo preto, pobre, favelado e periférico.
Renata Souza é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, cria da Maré, deputada estadual, líder da bancada do PSOL na Alerj, candidata à reeleição.