Documento da Polícia Federal reúne elementos que apontam, até o momento, para os delitos de incitação ao crime e de provocar alarde a terceiros

Imagem da live de Jair Bolsonaro que foi bloqueada pelo Facebook e Instagram. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) enviou, nesta quarta-feira (17), relatório parcial da investigação enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que vê indícios de crime do presidente Jair Bolsonaro (PL) por associar a vacina contra a covid-19 ao risco de contrair o vírus HIV.  A relação que o presidente fez não corresponde à verdade. A PF pediu autorização para tomar o depoimento de Bolsonaro no inquérito.

O documento assinado pela delegada Lorena Lima Nascimento reúne elementos que apontam, até o momento, para os delitos de incitação ao crime e de provocar alarde a terceiros.

A acusação diz respeito a live no dia 21 de outubro de 2021, em que Bolsonaro diz que a população do Reino Unido estaria “desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida [AIDS]” após a imunização completa contra o novo coronavírus.

Na mesma transmissão ao vivo, Bolsonaro afirmou, citando um suposto estudo atribuído ao imunologista Anthony Fauci, que “a maioria das vítimas da gripe espanhola não morreu de gripe espanhola, mas de pneumonia bacteriana causada pelo uso de máscara”. Na época, as máscaras eram obrigatórias em locais públicos.

A PF diz que, ao espalhar informações falsas, o presidente “encorajou” a população a descumprir medidas sanitárias preventivas contra o novo coronavírus e gerou alarde “anunciando perigo inexistente”. O relatório afirma ainda que Bolsonaro agiu de “forma direta, voluntária e consciente”.

Live bloqueada

O Facebook e o Instagram bloquearam a live feita por Bolsonaro no dia 21 de outubro de 2021, em que o mandatário vinculou a imunização contra a covid-19 à AIDS. De acordo com um porta-voz do Facebook, “nossas políticas não permitem acusações de que as vacinas contra a covid-19 matam ou causam danos graves às pessoas”. O YouTube também removeu o conteúdo “por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas”.

Foi a primeira vez que as redes eliminara uma das transmissões que Bolsonaro usa para inflamar seus seguidores. Na época, a oposição protocolou notícia-crime contra o presidente.

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