Bruno e Dom: Univaja cobra busca do mandante do crime além dos denunciados pelo MPF
O procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, lembrou de parte da investigação indicava possível participação de políticos e comerciantes locais
Ao comentar a notícia da denúncia de três pessoas pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips feita pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal de Tabatinga (AM), o procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo declarou que “é o início da justiça pela morte de Dom e Bruno”.
Mas ele teme que ela se restrinja aos três. Ele teme que outras pessoas possivelmente envolvidas – como políticos e comerciantes locais – não sejam punidos, pois há indícios de que se beneficiavam de esquema criminoso. Ou ainda, que não seja apontado o mandante dos assassinatos.
O MPF responsabilizou os acusados Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Dantos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”) por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver nos assassinatos de Bruno e Dom.
“Entendo que o inquérito policial, ainda está inconclusivo, uma vez que não temos ainda a figura do mandante. Há outras pessoas implicadas, havíamos indicado isso para as autoridades policiais. Não vimos ainda a investigação sobre esse fato, sobre essa parte do inquérito, que é a elucidação, afirmação se existe ou não figura dos mandantes, se existem outras pessoas. Nós inclusive acompanhamos os desdobramentos de uma parte da investigação que indicava a possibilidade de participação de políticos, comerciantes locais, de pessoas que de alguma forma se beneficiavam desse esquema criminoso.
Segundo ele, se a punição ficar restrita aos três denunciados, então, “a Univaja não concorda e vai de alguma maneira estudar uma possibilidade jurídica, de indicar ainda essas possibilidades”. Ele destaca que nos trâmites processuais, é necessário ainda que a Justiça aceite a denúncia.
Legalmente, a Univaja não é parte do processo, mas ressalta Eliesio, a organização contribuiu consideravelmente para o que foi produzido até aqui.
“Nossa parte foi feita, no sentido de garantir às famílias a devolução dos corpos, o respeito à história dos dois. E o nosso trabalho tem sido feito. Entendemos que a marcha processual segue agora. A Univaja não é legitimada para atuar no processo, mas as famílias ainda assim podem atuar, podem informar quesitos, opiniões, indicar provas, pessoas, testemunhas. Têm uma ampla atuação de agora em diante”.
Ele destaca que a Univaja ficará em alerta sobre os encaminhamentos.
“Nós esperamos que de fato, a justiça prevaleça e a morte de Bruno e Dom não fique parada nas gavetas do judiciário. Vamos acompanhar o desdobramento do processo e vamos atuar de forma muito diligente, no sentido de ter uma sentença. E quem sabe, entendo que podem ser pronunciados no Tribunal do Júri, se esse for o entendimento do juiz, a depender das provas e tudo mais, mas vamos continuar vigilantes, resguardando o interesse da justiça pelos nossos amigos e também pela segurança do Vale do Javari e a proteção das outras pessoas que continuam ameaçadas na região”.