2 mil campos de futebol por dia foi o que a Amazônia perdeu de floresta em 2022
Esta já é a maior devastação em 15 anos e o Imazon alerta que a seca e as eleições podem gerar mais quebras de recordes
A Amazônia registrou a maior devastação do bioma dos últimos 15 anos no período entre janeiro e maio: perdeu mais de 2 mil campos de futebol de floresta por dia. Foram derrubados 3.360 km² de floresta nativa, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008.
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon indicou que apenas em maio foram desmatados 1.476 km², o que representa 44% do acumulado do ano. Em comparação com maio de 2021, quando foram destruídos 1.125 km², pior marca para o mês em 14 anos, a devastação cresceu 31% em 2022.
Seca e eleições
O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., também alertou que a seca e as eleições representam risco de novas quebras de recordes nos próximos meses.
“Maio foi apenas o primeiro mês do período de seca na região, quando as ocorrências de desmatamento costumam se intensificar. Ainda temos mais todo o chamado ‘verão amazônico’ pela frente, que encerra entre setembro e outubro. Além disso, 2022 é um ano eleitoral, outro contexto que está relacionado com o aumento da devastação, pois as fiscalizações tendem a diminuir”, explica o pesquisador.
Ao divulgar relatório, o Imazon manifestou solidariedade às famílias de Dom e Bruno. “Eles foram grandes companheiros na defesa da Amazônia e dos direitos humanos, que serão sempre lembrados com respeito e admiração. Por isso, o Imazon também se une ao movimento que exige justiça por Dom e Bruno. Esse crime precisa ser investigado com empenho e imparcialidade para que todas as pessoas envolvidas sejam identificadas e devidamente punidas. A impunidade não pode prevalecer na Amazônia”.
A propósito, foi no estado onde o indigenista e jornalista foram assassinados, que mais floresta foi derrubada em maio. O monitoramento detectou 553 km² de floresta destruídos em solo amazonense, 38% do registrado em toda a região. Isso representou um aumento de 109% em relação ao desmatamento identificado no estado em maio do ano passado: 264 km².
O segundo estado que mais desmatou a Amazônia em maio foi o Pará, com 471 km² (32%). Em solo paraense, um dos grandes problemas é o avanço da devastação sobre áreas protegidas, como unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs). Seis das 10 UCs e quatro das 10 TIs mais desmatadas na Amazônia ficam no Pará.
Em relação às unidades de conservação, apenas a APA Triunfo do Xingu, que ocupa o topo do ranking das mais desmatadas na Amazônia, registrou 29% de toda a destruição no Pará: 135 km². E a terra indígena Apyterewa, que sofreu invasões de grileiros em maio, foi a mais desmatada da região, com 5 km² de floresta derrubados.
Já Mato Grosso, que ficou por quatro meses consecutivos como o estado que mais desmatou na Amazônia, ocupou a terceira posição em maio, com 196 km² (13%). Rondônia ficou em quarto, com 178 km² (12%).
Confira aqui o relatório completo.
(Com Imazon)