Cúpula das Américas: Chile se une a Argentina, Bolívia e México contra a exclusão de outros países do encontro
A Cúpula das Américas irá acontecer novamente, dessa vez em Los Angeles, nos EUA, e novamente, países foram excluídos do encontro internacional que, em tese, quer fortalecer a democracia no continente
A chanceler do Chile, Antonia Urrejola, disse em entrevista ao jornal chileno La Tercera neste domingo, 14, sobre a exclusão de três países latinos da Cúpula das Américas, que os EUA, anfitrião da 9ª edição do encontro, afirma que não cumprem a Carta Democrática Interamericana, documento vigente da Cúpula das Américas desde 2001.
“Os últimos anos mostram que a exclusão não deu resultados em matéria de direitos humanos em Venezuela, Nicarágua e Cuba”.
Lideranças da Bolívia, México e Argentina se pronunciaram sobre a decisão estadunidense, informando que também não farão parte da cúpula se o evento não incluir tais nações. Além destes, lideranças de países da CARICOM, a Comunidade de Nações do Caribe, com 15 nações, e a primeira presidente mulher de Honduras, Xiomara Castro, também fez críticas à decisão dos EUA. O presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, também disse que não irá participar da Cúpula das Américas após críticas dos EUA por designação da procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, por mais quatro anos. O presidente do país afirmou que o país é pequeno mas que sua soberania será respeitada.
Alguns destes países latinos, incluindo os não convidados pelos Estados Unidos, têm um histórico de contraposição às vontades da superpotência no encontro, como o desejo de formar a ALCA, que é uma área de livre comércio dos países do continente, que traria mais benefícios para os EUA, que hoje importa mais do que exporta. A criação do bloco certamente aumentaria suas exportações. Na IV Cúpula das Américas, em Mar del Plata, na Argentina, que aconteceu em 2005, ao projeto foi engavetado por empasse entre os países, após mais de uma década de discussões.
A chanceler também fala que a posição do presidente Gabriel Boric a respeito de direitos humanos reflete a sua, e que sem diálogos bilaterais entre os países, o desejo democrático do país do norte não será realizado. Ela também afirma que “a pós-pandemia com crise econômica é o momento de também ter espaços de diálogo para além das diferenças”.
Diferente dos outros países que se pronunciaram, Antonia Urrejola afirma que o Chile participará da Cúpula das Américas. O presidente do México, López Obrador disse que ele não pretende participar com a exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua, mas que enviará um representante do país. Ela concorda com Boric a respeito de que a região “está superfragmentada” e, por isso, “seria importante poder falar para além das diferenças. Mas entendemos a complexidade que existe no que diz respeito a alguns países”, frisou.