Quando Falta o Ar / Crédito: Tarso Sarraf

Com contribuição de Juliana Gusman

O documentário brasileiro ‘Quando Falta o Ar’, das irmãs Anna e Helena Petta, foi o grande vencedor da 27ª edição do festival É Tudo Verdade na mostra competitiva brasileira.

O anúncio ocorreu na noite de domingo (10), que contou com a entrega dos troféus e certificados aos premiados brasileiros. O evento ocorreu com a projeção de ‘O Território’, de Alex Pritz.

O filme estará disponível novamente na plataforma do festival na noite de segunda-feira (11), às 21h.

Como outras narrativas produzidas nos últimos anos, “Quando falta o ar” é um filme que tem como mote central a pandemia de Covid-19. Como outras produções que integraram a programação do evento, é um filme áspero. Trata-se, afinal, de uma obra movida por desejos de denúncia. Busca-se evidenciar o desamparo do povo brasileiro diante de duas das mais agudas crises da nossa história recente: a sanitária, evidentemente, e a política, não menos aniquiladora.

O letreiro final surge para não deixar dúvidas sobre culpabilidades. Nunca é demais reiterar que o Governo Federal foi mais letal que o vírus. Morreu-se de morte matada, não podemos esquecer.

Apesar de não se esquivar da dureza sensorial das enfermidades, Quando falta o ar também nos cura com pequenas doses de esperança. O trabalho de profissionais do SUS como Andreia Beatriz, Rafaela Pacheco, Ho Yeh Li e Eli Hywyxy é elevado pela abordagem observativa e atenta das realizadoras, que acompanham sempre de perto as suas batalhas. Estamos diante de um bonito tributo às médicas de família e comunidade que tiveram que viver a pandemia nas condições mais adversas.

O documentário honra a vocação e o conhecimento dessas mulheres para lidar com gente. Os planos são longos para se preservar o tempo da escuta, ferramenta essencial à boa medicina. Acolhe-se toda sorte de aflições. Não há hierarquias no sofrimento.

Quando falta o ar nos lembra que SUS é uma riqueza, outra coisa a não se perder de vista.

Confira abaixo as análises de outros filmes do festival, por Juliana Gusman:

Impressões documentais: os filmes brasileiros do festival É Tudo Verdade