Câmera flagra agressão de moradora contra funcionária negra em prédio de SP
O caso começa a ser investigado 5 meses depois, após a Justiça pedir acesso às imagens de segurança
A agressão de uma moradora contra uma trabalhadora negra em um prédio de classe alta na zona oeste de São Paulo começou a ser investigada na última quinta-feira (31).
A última edição do Jornal Nacional trouxe as imagens da câmera de segurança do prédio que comprovam que a moradora, chamada Patrícia Brito Debatin, abordou a funcionária Eliane Aparecida de Paula, uma mulher negra, e após uma discussão a agrediu com 8 joelhadas, além de empurrões e puxões de cabelo. Patrícia ainda bateu a cabeça da vítima contra a parede duas vezes até ser interrompida pelo porteiro do prédio.
Em reportagem no Jornal Nacional, Eliane conta que estava esperando o transporte depois de um dia de trabalho quando a agressora a viu e começou a abordar em um tom racista: “que negra esquisita, o que ela está fazendo aí?”. Ela respondeu à moradora que aquilo era racismo e tentou impedir que ela saísse da portaria para chamar a polícia e levá-la presa.
“Ela ia fugir, porque eu estava ali exatamente falando para ela: ‘Vou chamar a polícia, você vai ser presa, racismo é crime, disse Eliane. Neste momento, Patrícia inicia as agressões físicas.
O caso aconteceu em 22 de outubro de 2021. Eliane fez a denúncia, que foi registrada como lesão corporal e injúria. Ela tentou o acesso às imagens de segurança para comprovar o crime, mas só conseguiu após decisão judicial.
“É extremamente importante que a Justiça demonstre para essa pessoa que efetivamente praticou os fatos e para toda a sociedade que esse tipo de crime é devidamente investigado, que esse tipo de crime não ficará impune”, disse o advogado Theodoro Balducci ao Jornal Nacional.
“Minha solidariedade para a cozinheira Eliane Aparecida de Paula. Força minha querida, você não está sozinha nessa não!”, escreveu a atriz Zezé Motta, ao compartilhar o vídeo com a edição do Jornal Nacional.
“Nos anos 70, ainda no início da carreira, eu que sou claustrofóbica, fui visitar um amigo que morava no andar alto de um prédio. Ao chegar ao prédio e ter minha entrada autorizada o porteiro disse que eu só poderia subir pelo elevador de serviços. Comentei que estava visitando e entrei no elevador social. Após alguns andares o porteiro travou o elevador, de propósito como uma punição e preconceito. São coisas que não se esquece”.