Foto: Reprodução / TV Globo

A participação da mineira Natália Deodato na edição atual do Big Brother Brasil tem provocado um importante debate sobre os estereótipos da mulher negra. Fora e dentro da casa, recai sobre a chamada “BadNat” um dos rótulos mais corriqueiros da humanidade: a preta raivosa.

Na internet, não faltam outras mulheres negras que se identificam com o tratamento dado a Natália sobre sua personalidade que, como diz a influencer Tia Má, “já ganhou a alcunha de agressiva, até mesmo quando está calada”. Espectadoras traçam paralelos entre Natália e outras participantes que, de pele branca, ganham outros adjetivos. E gente raivosa é o que não falta nesta edição do programa, basta ver os episódios de segunda-feira nos jogos da “discórdia”. “O perder o controle da Eslô não afeta ninguém, é divertido. A Nat quando perde o controle vira um problema”, diz Artur, outro participante.

O perfil de Natália nas redes, por meio da equipe que administra o acesso, colocou o tema em debate e, como esperado, não faltaram relatos, especialmente de outras mulheres negras. Para a colunista do Splash Uol, Aline Ramos, a “negra raivosa” é o estereótipo racista que mais a perturba. Ela escreve em sua conta no Twitter: “o quanto eu já fui julgada dessa forma sendo que eu não fazia mal a uma mosca e não tirava o sorriso do rosto”. Na sequência, conta relatos de quando percebeu, no ensino médio, que se deparava diante de uma injustiça.

Para a advogada Monique Prado, o estereótipo da “mulher negra raivosa” remete a “uma figura fantasiosa que reitera a violência provocada pelo racismo pois, simbolicamente abafa as vozes dessas mulheres provocando silenciamento” e cita a escritora e psicóloga portuguesa Grada Kilomba, quando aborda a máscara de ferro utilizada no período colonial que era colocada na boca das mulheres.

A jornalista Laís Nascimento afirma que o papel instituído socialmente para a mulher negra como raivosa e agressiva é uma forma de hierarquizar posicionamentos. “É por meio da manutenção dessa imagem que os privilégios são mantidos e os nossos argumentos são desarticulados, vozes deslegitimadas e descredibilizadas. Atribuir o sentimento da raiva de forma ‘demonizada’ às mulheres negras é mais uma forma de desumanização”.

Confira outros relatos:

https://twitter.com/_alineramos/status/1492732138353004548

https://twitter.com/_alineramos/status/1492732946620559369

https://twitter.com/oficial_deodato/status/1492832670241509392

https://twitter.com/laisemilia_/status/1492337044340805636