Financiamento climático: povos indígenas não querem benefícios, querem parceria
Gregório Mirabal tenta conscientizar que sem os povos originários e comunidades tradicionais, não há luta contra as mudanças climáticas
Rebecca Lorenzetti, para a Cobertura Colaborativa da NINJA na COP
Em evento da programação da COP26, representantes de povos originários pediram colaboração e cooperação internacional para continuar protegendo seus territórios. Eles desejam sociedade, não benefícios. A mesa de debate “A participação efetiva dos povos indígenas nas decisões a respeito dos fundos climáticos” foi promovida pela Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA).
Ela é uma organização internacional que abrange os oito países abarcados pela bacia do rio Amazonas (Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname, Bolívia e Brasil) e outras organizações de proteção aos povos. A mesa contou com a participação de quatro representantes indígenas, sendo um do Brasil, um da Colômbia e dois do Peru.
Não como fugir do tema: a floresta Amazônica enfrenta enormes problemas que afetam principalmente as comunidades que vivem dentro dela. Na região do Peru, por exemplo, o líder indígena Mário Lopes foi assassinado, vítima dos impactos da atividade da indústria do narcotráfico e cultivo de coca na Amazônia.
Sobre qualquer dúvida que paire sobre a necessidade de suporte para manutenção do bioma, lideranças reforçaram que estão desenvolvendo ações concretas que podem reduzir o desmatamento e lutar contra a contaminação gerada pela indústria de petróleo, minério e narcotráfico.
Para eles, os fundos financeiros direcionados à Amazônia devem priorizar uma melhor distribuição dos custos da conservação. A mesa concluiu que é necessário incluir os povos indígenas nos processos de tomadas de decisão e investimentos de proteção às florestas, uma vez que protagonizam a luta contra as mudanças climáticas há milênios e atualmente além de protegerem as florestas, sofrem os ataques direcionados a elas. Os povos tradicionais são parte da floresta, é impossível protegê-la sem incluí-los.
Gregório Mirabal, presidente da Coica, fez um apelo ao mundo. “Irmãos e irmãs do planeta, estamos aqui com um discurso unificado. Sem os povos indígenas, sem a floresta Amazônica, sem ReDD indígena, sem a iniciativa dos nossos povos e das comunidades, não há luta contra as mudanças climáticas. Quero agradecer a todas as promessas de fundos financeiros para a Amazônia. Muito dinheiro foi oferecido. Mas pedimos a todos que possamos fazer um acordo e que o benefício chegue a todas as propostas que já estão acontecendo no território indígena. Não há outra solução para as mudanças climáticas do que apoiar os povos e os territórios indígenas. Essa é a mensagem de coração de todos os nossos povos. Em qualquer território Amazônico é fundamental (o apoio às iniciativas indígenas)”.
Confira o evento na íntegra, clicando aqui.
A @MidiaNinja e a @CasaNinjaAmazonia realizam cobertura especial da COP26. Acompanhe a tag #ninjanacop nas redes!