Aumento da pornografia infantil nas redes sociais e jogos online durante a pandemia
As imagens, vídeos e textos que são disponibilizados nas redes sociais podem falar muito sobre nossos hábitos e rotinas e isso pode se tornar um prato cheio para um criminoso que esteja na busca de uma nova vítima.
As redes sociais surgem e com elas a vontade das pessoas de estarem cada vez mais antenadas e conectadas. O mesmo acontece com as crianças e adolescentes. A vontade de ter uma vida de fama e sucesso que é replicada pelos youtubers, instagramers e tiktokers chama a atenção de crianças e adolescentes e isso acaba por muitas vezes deixando eles vulneráveis nas mãos de pedófilos que andam à caça de novas vítimas na internet.
Quando as crianças permitem, é possível que os responsáveis possam fazer um acompanhamento mais de perto das redes sociais deles. Mas caso você esteja sofrendo problemas de acesso às redes sociais dos seus filhos e filhas, recomendo uma boa conversa explicando os perigos dos quais eles e elas podem estar expostos.
As imagens, vídeos e textos que são disponibilizados nas redes sociais podem falar muito sobre nossos hábitos e rotinas e isso pode se tornar um prato cheio para um criminoso que esteja na busca de uma nova vítima.
Falando um pouco sobre o principal perfil de crianças que sofrem de crimes de pornografia infantil e pedofilia, de acordo com Fundo das Nações Unidas para a Infância. 85% das crianças e adolescentes brasileiros já são usuários da internet. Nas redes sociais, 70% são meninas enquanto 30% são meninos. Já nos jogos onlines esses números podem inverter tornando os meninos 65% dos utilizadores enquanto as meninas seriam 35%.
Quanto ao perfil dos abusadores, são difíceis de serem identificados já que os mesmos são pessoas que geralmente fazem parte dos nossos convívios sociais o que fazem que os mesmos não demonstrem nenhum comportamento que possam identificá-los como pedófilos e abusadores em potencial.
A grande maioria age como amigos das crianças ganhando sua confiança através de um comportamento que muitas vezes pode simular de outra criança ou adolescente da mesma idade (já que as redes sociais permitem criar perfis falsos).
Com a conta na rede social, usa imagem e fotos que não permitem a sua identificação direta. Costuma fazer comentários que simulam o comportamento de uma criança ou adolescente da mesma idade e supostamente convívio da vítima. Muitas vezes a pessoa envolvida, por não ver nada de estranho naquele perfil, se permite viver uma amizade, que sai da rede social e parte às vezes para conversas nos chats do próprio aplicativo, evitando algumas vezes o uso de whatsapp ou telegram, medidas auto preventivas dos abusadores.
O próximo passo é começar a recolher fotos preferencialmente com roupas íntimas ou roupas usadas para ir à praia ou à piscina. A depender da “amizade” criada entre o abusador e as vítimas, é possível conseguir imagens do corpo da criança, assim como também das mesmas tocando suas partes íntimas ou tendo relações com outros da mesma idade. A depender do tipo de abusador, os mesmos podem conseguir até marcar encontros com as vítimas, conseguindo por fim realizar o ato presencialmente e gravar o mesmo.
Existem vários tipos de abusadores, os que recolhem imagens para uso próprio, os que realizam os atos ou até mesmo aqueles que recolhem os conteúdos de fotos e vídeos para venderem na Darknet (partes da internet que estão escondidas e podem ser de difícil acesso sem a utilização de um software especial. CAVALCANTE, Beatriz de Sá, 2018).
Como se prevenir desse tipo de pessoas nas redes sociais? Acompanhe as redes sociais das crianças e adolescentes, converse sobre cuidados e segurança e principalmente fale da importância de não divulgar muitos detalhes sobre sua vida pessoal na internet. Um exemplo são fotos que contenham nome da escola, fardamentos escolares, placa de carros, nome de ruas ou do prédio onde mora. Tenham cuidado ao fazer checkin ou marcar a escola onde estuda, evitem também informações sobre a rotina da família, como horários de saída e chegadas em escolas e cursos, por exemplo. A famosa frase: “Não fale com estranhos”, deve ser mantida nas redes sociais, isso evita o início de todo o processo dos abusadores.
Observe a rede social das quais as crianças ou adolescente frequentam e verifique os seus seguidores, se são pessoas conhecidas, desconfie de “amizades” com adultos desconhecidos da família. É importante manter um círculo saudável da criança na rede social, observe também o que ela costuma seguir e os tipos de comentários que existem nas suas publicações.
É muito importante conversar sobre as questões de publicação de “selfies” e imagens que possam ser comprometedoras, uma vez que uma imagem que chega à internet torna impossível removê-la. Tenha atenção para fotos que exaltem o corpo ou que sejam “sensuais”. Tenha atenção também a fotos de bens materiais, como roupas e ou objetos que possam chamar atenção de outros tipos de criminosos.
Para crianças e adolescentes (o que pedir para que eles evitem):
- Não falar com pessoas estranhas na internet (Sites, Redes sociais, Jogos Online);
- Tenha atenção às mensagens privadas recebidas em chats das redes sociais (Facebook, Instagram, tiktok, outros). Nesses casos peça para que seu filhos/filhas fale com você sobre essas mensagens;
- Não abrir arquivos, nem clicar em links de sites desconhecidos e, na dúvida, peça ajuda de um adulto para perceber o que vem dessas informações. Muitas vezes esses sites servem de porta de entrada para acesso aos computadores ou dispositivos utilizados.
Para os pais/mães e responsáveis:
- O principal objetivo é manter uma relação de confiança entre os responsáveis e as crianças e adolescentes. Estar presente e acompanhar de perto essas redes sociais não é invasão de privacidade, mas nesses casos é uma forma de manter as pessoas que você ama longe do campo de visão de abusadores sexuais;
- Acompanhe as redes sociais dos seus filhos e filhas, olhe o perfil dos seguidores e também de quem a criança segue;
- Acompanhe as postagens feitas pela criança e ou adolescente e converse sobre a importância de evitar passar informações que possam ser usadas contra ela mesma;
- Fale da importância de manter contato e amizade com pessoas conhecidas e também converse sobre a importância de evitar o fornecimento de informações pessoais para estranhos;
- Converse sobre não ceder às ameaças feitas pelos criminosos na web, e assim que ocorrer qualquer tipo de conversa estranha que a criança/ adoliescente compartilhe com o responsável.
Em caso de suspeita ou queira denunciar um perfil ou uma pessoa, os possíveis canais de comunicação são: Conselho tutelar, Ministério Público, Disque 100,Safernet. Importante nesse momento recolher o máximo de informações contra o criminoso, prints de conversas. imagens e conversas devem ser guardadas para futuras ações por parte dos órgãos competentes.
A internet pode e deve ser um local seguro para as crianças mas infelizmente elas precisam ser acompanhadas e orientadas da melhor forma de agir e se comportar nas difíceis ações de pessoas mal intencionadas, as regras de cuidados da rua devem e podem ser replicadas para o mundo da internet.