Por Mariana Walsh

Atualmente reconhecido como potência, o Brasil já passou pelos Jogos Paralímpicos sem ganhar nenhuma medalha. Em contrapartida, na noite da última segunda-feira, 30 de agosto, Yeltsin Jacques ganhou a final dos 1500m da categoria T11, fazendo com que o país alcançasse a marca de 100 ouros conquistados na história dos Jogos. O caminho até tal recorde, e para ser visto como uma força no cenário do paradesporto mundial, passou pela dedicação e esforço de muitos atletas ao longo dos anos.

Tudo começou em 1972 em Heidelberg, na Alemanha, com a primeira participação brasileira no evento. Com uma pequena delegação composta por apenas oito atletas, nenhuma medalha foi conquistada, mas o primeiro passo, que era estar presente, foi dado. Na edição seguinte, em Toronto, no Canadá, a bandeira verde e amarela esteve presente no pódio pela primeira vez, com uma prata conquistada por Robson Sampaio e Luís Carlos na bocha.

Já o primeiro ouro foi garantido em 1984 em Stoke Mandeville/Nova York, no atletismo na prova dos 200m classe C6, por Márcia Malsar, que foi uma pioneira. Ainda na mesma edição, a delegação brasileira ganhou mais seis medalhas douradas, sendo uma delas de Miracema Ferraz, primeira mulher multimedalhista em uma só edição (ela também ganhou 5 pratas, totalizando 6 medalhas), e duas de Luiz Cláudio Pereira no arremesso de peso e lançamento de dardo.

Luiz Cláudio (no centro e com a bandeira nacional no colo) participa do desfile dos atletas nos Jogos Paralímpicos de 1984. Foto: Agência Brasil / BBC News Brasil

De zero ouros na primeira participação, a delegação brasileira foi direto para sete em sua quarta Paralimpíada, e desde então, em todas as edições seguintes o Brasil sempre esteve no lugar mais alto do pódio por pelo menos uma vez. O recorde de 7 ouros conquistados em Stoke Mandeville/Nova York 1984 demorou para ser  superado. Foi só em Atenas 2004, que os atletas brasileiros tiveram um desempenho superior, conquistando 14 ouros.

Em Pequim e Londres, esse mesmo recorde foi quebrado novamente. Em 2008, foram 16 ouros e em 2012 foram incríveis 21 medalhas douradas. Nesse momento, o Brasil já era visto como potência, e era esperado um grande desempenho dos atletas na edição seguinte, em casa, no Rio em 2016. Foram só 16 ouros em solo carioca, mas foi registrada a maior delegação brasileira da história, com 286 atletas. Também nesta edição, 72 medalhas foram adquiridas no total, sendo registrado o melhor desempenho quantitativo do país.

Agora, em Tóquio, os atletas brasileiros seguem mostrando sua força. Só Maria Carolina Santiago foi responsável por 3 ouros, 1 prata e 1 bronze na natação. Já Daniel Dias, maior medalhista brasileiro, se despediu das piscinas conquistando mais 3 bronzes na competição, passando a acumular 27 medalhas paralímpicas. No total, já foram 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes na capital japonesa, igualamos ao recorde do Rio de Janeiro com 72 medalhas, e batendo o de ouros em uma só edição quando chegamos à 22ª dourada. Foi a melhor campanha do país.

 

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Com um total de 373 medalhas na história (contando com as de Tóquio citadas acima), são muitos os atletas que contribuíram para esse desempenho espetacular. Clodoaldo Silva, Ádria dos Santos, Daniel Dias, Terezinha Guimarães, Antônio Tenório… Todos que participaram mereciam ser citados, afinal todos deixaram seu nome escrito na história. Para nós, torcedores, só nos cabe agradecer a todos esses atletas. Vocês são gigantes! Para os que tão surgindo, seguimos na torcida por vocês. E para finalizar, deixo um conselho para as emissoras de televisão: se atentem, o esporte paralímpico é de alto nível e traz grandes resultados pro Brasil.

Texto produzido em cobertura colaborativa para a NINJA Esporte Clube