Falta de inclusão social, histórico do país e investimento influenciaram o movimento paralímpico

A foto foi feita em uma parte da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Há um tablado central no estádio com a bandeira e as cores do Brasil. Diversos atletas paralímpicos aparecem distribuídos no local.

Foto: COB

Por Tainá Fernandes

Você já se perguntou os motivos do Brasil ser uma potência nas Paralimpíadas? Nas últimas três edições do evento, o país ficou entre os dez primeiros colocados do quadro geral de medalhas e isso deve ocorrer novamente nos Jogos de Tóquio. Mas por que conseguimos esse destaque?

É necessário voltar no tempo e analisar que o Brasil estreou nas Paralimpíadas em 1972, quando até então só tinha ocorrido apenas três edições (1960, 1964 e 1968). Isso fez com que o atraso histórico do país com relação a diversas outras nações ficasse muito pequeno.

“O Brasil já entra na disputa com aquele grupo que já pratica desde o início. Ao contrário de alguns países como os africanos, que obviamente têm suas dificuldades estruturais, mas que começaram apenas por agora”, explicou o atleta Sandro Laina, do futebol de 5, durante debate na Mídia NINJA.

O fato de existir pouca inclusão e oportunidade social para pessoas com deficiência no Brasil também acaba sendo um grande influência na formação de atletas. “O esporte paralímpico surge como uma ponte que te leva ao portal da sociedade. Ele acaba sendo a melhor ou única grande oportunidade que a pessoa com deficiência tem de tentar ser reconhecido”, disse Sandro Laina.

Imagem da pista de atletismo do centro paralímpico, um local aberto, em que aparecem dois atletas com deficiência para o treino de corrida.

O Centro Paralímpico Brasileiro é um dos responsáveis pela melhoria dos esportes paralímpicos no país.

Investimento e gestão 

Em 2001, a criação da Lei Agnelo Piva possibilitou que uma parte do dinheiro das Loterias Federais fosse distribuído entre os esportes olímpicos e paralímpicos. Isso se tornou uma das principais fontes de renda do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). A lei tem esse nome por conta de seus autores, os então parlamentares Agnelo Queiroz e Pedro Piva, estabelecendo que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e CPB.

“Foi muito bom, porém quando falamos nesta divisão a gente pensa que é 50/50 e não é. O olímpico recebe quase 70% e o paralímpico o resto. Então, em pleno século 21 e com os resultados do Brasil é um tanto quanto injusto”, pontuou a velocista e vice-campeã paralímpica Verônica Hipólito.

Em 2015, também foi criado o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, que é o maior legado esportivo da Rio 2016 e hoje é um dos melhores do mundo. São 95 mil metros quadrados com instalações para diversas modalidades.

“Obviamente que isso proporcionou um trabalho de base muito mais consistente que muitos outros país. O Centro de Treinamento Paralímpico será com certeza um trampolim para muitas outras medalhas”, concluiu o atleta Sandro Laina na entrevista feita e publicada no Instagram da Mídia NINJA.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube