Olimpíadas: o que mudou para as mulheres na última década?
Tóquio 2020 chega a 48,8% de participação feminina entre atletas, um novo marco para os Jogos
Por Carol Firmino para cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube
Em 2012, as Olimpíadas de Londres foram consideradas as mais femininas da história. Na ocasião, as mulheres puderam disputar todas as modalidades pela primeira vez, com a introdução do boxe feminino, que, até então, era praticado apenas por homens. Entre outros acontecimentos que marcaram a edição, está o fato de países como Brunei, Qatar e Arábia Saudita, que antes negaram a participação delas por restrições referentes ao islamismo, voltarem atrás e cederem às pressões do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao enviar suas representantes.
Naquele ano, Anita DeFrantz, ex-remadora e primeira mulher vice-presidente do COI (1997-2001), classificou a conquista como histórica e afirmou que todas as 204 delegações presentes no evento teriam mulheres capazes de inspirar outras a se tornarem atletas olímpicas, provando que os Jogos seriam um campo cada vez mais visitado pelo sexo feminino. Ela estava certa. Ainda que a inclusão de mulheres nas instâncias diversas do COI ainda esteja acontecendo, a partir dos anos 2000, se iniciou um movimento intenso para que a participação aumentasse a cada edição do evento.
Representatividade na gestão
Seja na gestão do esporte olímpico ou competindo nas Olimpíadas, elas abriram caminho: projetos como o Olympic Solidary e o Women and Sport são atividades que tentam integrar mulheres ao esporte em seus países de origem, além de promoverem, a cada quatro anos, uma conferência mundial sobre o tema com o objetivo de implementar ações para o futuro. Em 2012, por exemplo, 700 delegações e os 121 países presentes no encontro nos Estados Unidos aprovaram a chamada “Declaração de Los Angeles”, com uma série de recomendações para igualdade de gênero e melhorias na qualidade de vida de atletas de todo o mundo.
Entretanto, na Rio-2016, houve a demonstração de que ainda havia carência de medidas inclusivas no setor administrativo dos jogos e nos comitês técnicos. Assim, seguindo novas recomendações do COI, foi definida a meta mínima de 30% de representação feminina nos quadros de gestão até 2020, quando aconteceria a edição de Tóquio. A última atualização feita pelo Comitê mostra que o Conselho Executivo conta com quatro mulheres (26,7%); as Comissões Esportivas são compostas por 47,7% delas (em 2013, eram 20%); e o grupo que se dedica exclusivamente em definir as diretrizes de participação de mulheres nas Olimpíadas é representado por elas em 70%.
Mulheres atletas
Enquanto Tóquio-2020 chega a 48,8% de participação feminina, para a edição de Paris-2024, o COI prevê que essa marca chegue a 50% de todos os atletas. A primeira vez que uma mulher pôde competir nas Olimpíadas também foi na cidade francesa, em 1900, o que reflete o simbolismo dessa expectativa. Em março do ano passado, o Comitê já havia feito duas grandes determinações para avançar ainda mais na igualdade de gênero a partir de Tóquio-2020:
1) Os comitês olímpicos nacionais devem ser representados por um mínimo de uma mulher e um homem atleta em todas as edições; e 2) os protocolos devem ser alterados para permitir que um atleta do sexo masculino e outro do sexo feminino sejam indicados para carregar juntos sua bandeira na cerimônia de abertura – entre os brasileiros, os escolhidos fora Bruninho e Ketleyn.
Neste ano, além da participação feminina próxima dos 50%, elas também competem em 46 modalidades, com exceção da luta greco-romana, que ainda é praticada apenas por homens. Por sua vez, eles não competem na ginástica rítmica e no nado artístico.