Uma simples regra de estatística, muito utilizada pelos governos do mundo para desvendar fraudes e até pela ciência para prever erupções de vulcões, a lei de Benford é um método rápido e fácil para determinar se um conjunto de dados é suspeito de ter sido manipulado.

Ela surgiu por acaso, há aproximadamente 133 anos pelo astrônomo Simon Newcomb (Nova Escócia, 1835  – 1909).

Simon estava despretensiosamente folheando um livro antigo de logaritmos numa biblioteca quando notou um certo padrão nos exemplares ali presentes. No começo todos tinham páginas desgastadas e as últimas folhas super conservadas.

Dessa observação ele deu início aos estudos. No começo não ganhou notoriedade, até que em 1938, o engenheiro e físico americano Frank Benford (Pensilvânia, 1883 –  1948)  provou que a teoria de Newcomb fazia muito sentido e prosseguiu com as pesquisas.

Mas o que seria a lei de Newcomb Benford, afinal?

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LEI DE NEWCOMB BENFORD

Imagine que você tem um monte de números aleatórios entre 1 e 999.999.

A lei diz que, em uma lista de números, existe um padrão de ocorrência dos primeiros dígitos, ou seja, nos números antes da vírgula.

Se analisarmos esses dados numéricos, provavelmente, segundo a lei de Benford, serão encontrados cerca de 30% de números que começam com 117% que começam com 2, 12% que começam com 3, e assim por diante, sempre diminuindo até o 9.

Incrível, não?

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Como nessa tabela:

Esse padrão vai formar um gráfico, com uma curva decrescente de forma logarítmica!

Como uma cientista norte-americana encontrou bots russos no Twitter com essa ferramenta?

Foto: Canal YouTube Jen Golbeck

A cientista da computação e pesquisadora de mídias sociais Jennifer Golbeck (Crystal Lake, IIIinois, 1976) teve a brilhante  ideia de aplicar essa ferramenta nas redes sociais.

Ela diz que dá para detectar irregularidades nas finanças com essa regra, mas também é possível encontrar fraudes nas redes sociais.

Ele fez uma correlação com os dados dos usuários analisados e seus seguidores. Os resultados foram surpreendentes! 

Você pode ler o artigo completo da Jennifer nesse link

Jennifer aplicou a lei matemática nas principais mídias sociais: Twitter, Pinterest, Facebook e a extinta Google +.

Mas a que mais chamou a atenção foi o Twitter:

Dentro dos 50 mil dados de usuários, apenas 170 não seguiam a lei de Benford.

“Como tínhamos dados públicos para o Twitter, pudemos investigar essas contas com baixas correlações. Quase todas as 170 pareciam estar envolvidas em atividades suspeitas. Algumas contas eram spam, mas a maioria fazia parte de uma rede de bots russos que postavam trechos aleatórios de obras literárias”.

Sim, ela conseguiu identificar Bots com essa ferramenta, isso é muito importante!

Para quem não sabe, bots são aplicações autônomas que rodam na Internet enquanto desempenham algum tipo de tarefa pré-determinada. Eles podem ser inofensivos para os usuários em geral, mas também podem ser usados de forma abusiva por criminosos, como propagar fake news.

Como essa ferramenta pode nos ajudar

Como muitos sabem, aqui no Brasil bots são utilizados de forma criminosa pela milícia.

Após 2018, ficou claro que as redes sociais exercem grande influência no cenário político brasileiro.

Podemos citar os bots Bolsonaristas que propagam fake news e sempre colocam em evidência alguma hashtag absurda, desde as eleições de 2018 até os dias de hoje.

Muitas vezes até com erros de português.

Um levantamento feito pela plataforma Bot Sentinel, que analisa publicações nas redes feitas por robôs, apontou um aumento de 3.441% nas interações em favor do presidente no mês de março de 2021.

Não é difícil encontrar matérias comprovando que a maioria dos seguidores desse genocida são fakes.

E eles continuam muito ativos. Recentemente robôs bolsonaristas tentaram derrubar um discurso feito pelo ex-presidente Lula.

MAS NEM TUDO SÃO FLORES…

A lei Benford não é muito eficaz em alguns casos, como por exemplo, desvendar fraudes nas eleições, como diz o estudos de Michelle Brown (Reino Unido, 1969), da Universidade Georgetown. Ao aplicar a ferramenta nos dados de votos de uma assembleia nos EUA, ela notou dados inconsistentes, pois as distribuições de números são mais complexas. Você pode ler os estudos da Michelle aqui.

Outro estudo feito por professores da Universidade de Oregon e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA , disponível nesse link, reforça os estudos de Brown.

No Brasil, pelo menos quatro pesquisadores demonstraram que essa teoria se torna inútil para desvendar fraudes nas eleições. 

Importante ressaltar isso, pois em 2018 durante as eleições, houve uma  “Operação Antifraude” feita pelo bolsonarista Hugo César Hoeschl. Ele queria provar a todo custo que o primeiro turno foi fraudado na época, como você pode ler nessa matéria.

Nada surpreendente! Como grande maioria dos admiradores do mito, ele não preza muito pela ciência, mas quando utilizam de alguma ferramenta, agem de má fé. Aqui no Brasil ou você defende a ciência ou o Bolsonaro, os dois não dá!

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A ciência pode ser uma grande aliada para derrubar esse crime cibernético cometido pelos milicianos, que infelizmente estão no poder.

Nós sabemos onde isso nos levou, por isso é de extrema importância utilizar todas as formas possíveis e imagináveis para derrotar a milícia e o Bolsonaro que faz parte dela, com toda sua família.

Estamos pagando muito caro, fake news fez a cabeça de muita gente, algumas foram convencidas pelo desespero, pela falta de informação, é muito triste ver para onde tudo isso nos levou.

Agora não dá mais, precisamos mudar esse cenário apocalíptico, lutar com todas as forças e utilizar todas as armas disponíveis, a ciência é uma delas. E #forabolsonarogenocida.

Foi lindo ver o Brasil todo se manifestando no dia 29, encheu nosso coração de esperança novamente. Seguimos lutando.