Se é reversível, se joga!
Depois de refletir sobre migração de carreira entendi que o dilema de escolher um curso não precisa ser tão doloroso.
Quem me conhece sabe que eu sou a princesa dos ditados, porque a rainha é minha mãe, temos um ditado pra maioria das situações, e quando não temos um inventamos um nosso. E eu vou criar pra gente começar bem nosso colu-papo: Se é reversível vai sem medo, se não é pensa mais 2 minutos e vai com medo mesmo. Tá, mas por que que to dizendo isso?! Senta que lá vem história!
Desde criança sempre gostei de música, eletrônica, natureza e de consertar qualquer coisa, cantei na igreja, alguma coisa dentro de mim me dizia que seria cantora, escolhi aprender a tocar violão ao invés de inglês, dentre várias decisões fazer computação foi uma delas. É interessante como a decisão da sua formação é tratada como um definidor de que tipo de pessoa você vai ser, é como se isso te colocasse numa caixinha intransferível pra sempre. No meio desse turbilhão de incertezas que estamos vivendo, tenho acompanhado minha sobrinha definir qual curso ela vai fazer, eu já disse logo pra ela, amada infelizmente nessa não posso te ajudar muito, pois quando eu tive que fazer isso o Brasil era outro lá em 2006. Ter que falar isso pra ela no nosso primeiro papo, me fez ficar bem reflexiva sobre essa parada de escolher um curso/profissão. Foi dai que comecei a pensar e a observar melhor todas as pessoas com quem trabalho que fizeram migração de carreira e, vou te falar, com certeza temos muito que aprender com elas, que sangue no olho é o que não falta.
Eu pessoalmente admiro muito quem se move pra mudar algo que entende que não tá bom pra si, isso por si só já é muito incrível. Mas o ganho que se tem em trazer outras perspectivas, outras vivências e outros caminhos até a tecnologia, é o que acho mais enriquecedor. Tive oportunidade de trabalhar com uma analista de negócio que é jornalista e agora estuda engenharia de software, e era cada informação no detalhe que ela trazia pro dia-a-dia do time, que dá saudade até hoje. Quem é desenvolvedora, assim como eu, sabe o valor que é pegar uma tarefa pra fazer com todos os detalhes necessários para isso. Sem contar as habilidades de escrita e curiosidades inúteis que só uma jornalista pode te proporcionar. Trabalhei também com uma pessoa que tem formação em enfermagem e agora é desenvolvedora. A vontade e objetividade em resolver os problemas, é algo que trago comigo. As histórias de plantão, os nomes estranhos que sabem de cor é uma coisa impressionante e divertida. Trabalhar com elas foi enriquecedor, tanto para o produto quanto para todo time, quanto para área de tecnologia inteira.
Já faz um tempo que a tecnologia deixou de ser sobre máquinas. É sobre pessoas e suas experiências transformadas em produtos de software, e pra mim quanto mais gente vinda de todas as áreas estiverem envolvidas nisso, mais rica, acessível, inclusiva, bonita e cheirosa será a tecnologia.
E depois de refletir sobre migração de carreira entendi que o dilema de escolher um curso não precisa ser tão doloroso porque, como diz o meu ditado, se é reversível se joga, porque enquanto for possível estar aqui, é possível tomar novos caminhos, aprender novas coisas, carreiras e pessoas. Eu corri pra compartilhar essa minha conclusão com a minha sobrinha e agora com você, desejo aí coragem e leveza por que o que é reversível a gente sempre vai dar um jeito. A tecnologia precisa disso tudo que você já sabe.