#Conheça: Benny Briolly – resistência travesti, preta e favelada na Câmara de Niterói (RJ)
Mulher preta, travesti, de axé e militante de direitos humanos. Benny Briolly cresceu no Fonseca, bairro da Zona Norte de Niterói/RJ e morou na Caixa D’agua, na Palmeira e em outras favelas da região. Atualmente no Morro da Penha, Ponta D’areia, mora e se organiza politicamente como militante do PSOL. É também fundadora do movimento Orgulho e Luta […]
Mulher preta, travesti, de axé e militante de direitos humanos. Benny Briolly cresceu no Fonseca, bairro da Zona Norte de Niterói/RJ e morou na Caixa D’agua, na Palmeira e em outras favelas da região. Atualmente no Morro da Penha, Ponta D’areia, mora e se organiza politicamente como militante do PSOL. É também fundadora do movimento Orgulho e Luta Trans (OLT) que pensa políticas para a população trans e em zona de prostituição em Niterói e São Gonçalo. Durante a pandemia o grupo realizara ações solidárias e de suporte com travestis e transexuais.
Benny foi a primeira assessora trans na Câmara de Vereadores de Niterói, como assessora parlamentar da mandata da deputada federal Talíria Petrone. Ocupando este espaço pôde perceber o quanto é excludente para pessoas não-cis, principalmente para as mulheres trans pretas faveladas. Foi lá também que adquiriu conhecimento e habilidades que a fortalecem agora em sua candidatura. Junto é claro, com as ferramentas que aprendeu a utilizar na faculdade de jornalismo, onde chegou a mobilizar um levante dos estudantes contra o aumento das mensalidades.
“Saber o poder que tem de transformação a organização de tantas pretinhas e tantos pretinhos, de tantas pessoas LGBTQIAP+, de tantas faveladas e favelados, nessa organização coletiva parte de um processo do chamado pra guerra”.
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A candidata chama atenção para as vidas que morrem nas filas de saúde do sus, nos hospitais, que também são vidas assassinas pelo Estado e por uma política de governo que interrompe vidas pretas. “A vida da minha mãe foi interrompida por um processo de negação de uma política de saúde, que chega todos os dias na casa das mulheres pretas e das mulheres de periferia dessa cidade.” O que foi pra ela uma grande decepção, mas ao mesmo tempo uma revolta que a empurrou pra luta. “Vinha me inflamando dia após dia, segundo após segundo, de porque a gente vive essa situação.”
“Por que quando a gente chega na fila de atendimento do hospital, a gente já é logo questionada pelo número do CEP que a gente traz da nossa residência? Por que quando a gente chega com um CEP de um território de favela, de periferia, a gente tem que ter aval de um homem branco engravatado chamado vereador, deputado, pra arrumar uma vaga no hospital?”
A militância de esquerda, dos movimentos sociais, movimentos de favela, de mulheres transexuais e travestis, LGBTQIAP+, da cidade e território, movimento de mulheres é o ecossistema por onde Benny transita. Sua inserção na revolução veio pela consciência da auto organização, da auto gestão, o que logo virou hábito, passou a fazer parte da vida.
Voltando à educação, pauta cara na mandata de Benny, os dados municipais não são nada satisfatórios. Com mais de R$3,5 bi apenas 3% dos alunos da rede pública conseguem ser cadastrados no ensino integral. O que prejudica famílias inteiras, que tem na mãe a fonte de renda e também de toda a energia da casa.
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Sobre as políticas de segurança pública, sua posição é irredutivelmente contra as ações que são coordenadas pelas forças de segurança. Subir favela e invadir periferias matando e oprimindo trabalhadores, moradores, estudantes, crianças e idosos precisa logo acabar.
“Como matou o Diogo na grota, pra espancar trabalhador na cidade, como faz com os ambulantes, por ordem sim de um governo, de uma gestão na prefeitura, que não se importa com o trabalhador. Que contrata guardas municipais sem concurso público, pra explorar, pra agredir, pra violar trabalhadores que estão nas ruas todos os dias. E a gente sabe quem são esses trabalhadores, porque esses trabalhadores são negros, porque quase 50% das pessoas negras em Niterói vivem no trabalho informal, ocupando as calçadas e os espaços da cidade tentando fazer o seu pão de cada dia”.
E finaliza: