Atletas e ex-atletas lançam manifesto por uma sociedade mais justa e igualitária
Com o objetivo de levar para dentro do esporte debates sociais e dar voz à luta pelos direitos do cenário esportivo, atletas e ex-atletas se reuniram para criar o ‘Esporte pela Democracia’. São esportistas do futebol, às modalidades olímpicas, jornalistas, artistas e outros que, segundo eles, estão “afinados com a democracia, os direitos humanos e civis, respeito à vida e à diversidade”.
Com o objetivo de levar para dentro do esporte debates sociais e dar voz à luta pelos direitos do cenário esportivo, atletas e ex-atletas se reuniram para criar o ‘Esporte pela Democracia’. São esportistas do futebol, às modalidades olímpicas, jornalistas, artistas e outros que, segundo eles, estão “afinados com a democracia, os direitos humanos e civis, respeito à vida e à diversidade”.
Leia a íntegra do manifesto do movimento:
“Nós, atletas, ex-atletas e profissionais ligados ao esporte, cidadãos brasileiros antes de tudo, afinados com o pensamento de diversas categorias e nos juntando às vozes que pactuam com a democracia, os direitos humanos e civis, respeito à vida e à diversidade, estamos aqui unidos em nome daquilo que sempre acreditamos e praticamos em nossas profissões e deve se estender sem restrições ao exercício cotidiano: o direito supremo à vida, a uma sociedade justa e igualitária, ANTIRRACISTA, o respeito das individualidades e o valor do coletivo em nome do bem-estar e da dignidade para todos.
A tentativa contínua de destruição da democracia se mostra de forma clara e direta por inúmeras medidas autoritárias. Testemunhamos diariamente desrespeito à constituição, autoritarismo, uso desvirtuado da política em benefício de poucos, ataque às instituições democráticas, ameaças ditatoriais, cerceamento da liberdade de imprensa, destruição das políticas de proteção ao meio ambiente, desrespeito aos povos indígenas e à história dos povos originários, ataque às minorias políticas e sociais. Há ainda amplo desprezo por educação, cultura, ciência, pilares considerados parâmetros de dignidade em todo o mundo.
Somando-se a esse cenário e à postura inaceitáveis, em um contexto de pandemia, a maioria da população brasileira está largada à própria sorte, especialmente a parte mais vulnerável social e economicamente, em total desrespeito às recomendações sanitárias básicas por parte de quem deveria dar o exemplo à população.
Enquanto tudo isso acontece, o número de mortos pelo vírus aumenta diariamente e o sistema de saúde colapsa, seguimos testemunhando o fruto da violência cotidiana que sistematicamente atinge as populações negras, periféricas, pobres, alvos preferenciais dos sistemas de poder. A banalização da vida negra soma historicamente milhares e milhares de mortos por violência, discriminação, práticas racistas diárias bem diante dos nossos olhos.
Como atletas e ex-atletas, aprendemos a importância de nos posicionarmos contra arbitrariedades e injustiças, não tolerando comportamentos que desrespeitam o bem-estar coletivo e advogam em nome de uma visão do mundo limitada e revoltante. Aprendemos o respeito absoluto pelo outro, que apenas na solidariedade existe jogo. Na história de nosso país, muitos ídolos nacionais vieram exatamente do esporte e seguem sendo referências de postura diante da vida e da humanidade. Muitos são negros, oriundos de periferias e comunidades, lugares para os quais o esporte muitas vezes representa esperança de futuro, meio de existência e de alcance de condições básicas de dignidade.
Pelo nosso repúdio integral ao racismo, à violência, e nosso desejo de voltar a crer num futuro possível e igualitário, hoje nos colocamos diante de questões políticas importantes. Como representar um país em que práticas autoritárias se tornam cotidianas? Em que a diversidade cultural, uma de nossas maiores riquezas, é frontalmente atacada? Como nos comportar diante do que temos vivido nos últimos tempos, da triste imagem nacional passada para o mundo?
Queremos voltar a nos sentir orgulhosos de nosso país, representando em Copas do Mundo, Olimpíadas e outras competições internacionais o legado de nossa cultura, nossa história, nosso povo. Queremos ver o Brasil voltar a crescer, com jovens tendo acesso a educação, trabalho, moradia, vivendo numa sociedade consciente e justa. Por isso, não podemos nos silenciar diante daquilo que testemunhamos. Precisamos colocar aqui a nossa voz e a nossa indignação, como cidadãos, convocando o legado de honestidade e bravura do esporte em nome do país que queremos e merecemos como Nação: um Brasil justo, igualitário, progressista e, acima de tudo, pactuado com a democracia e o respeito absoluto por TODAS as vidas.
O sonho de todo atleta é representar o seu país. Estamos então aqui hoje para reconvocar a lucidez, diante da questão inadiável: que Brasil é esse que queremos trazer na camisa e chamar de nosso?”.
Confira a lista atualizada com os membros do movimento:
Afonsinho – futebol
Aline da Silva Ferreira – luta olímpica
Ana Barbachan – vela
Ana Moser – vôlei
Ana Mota – basquete
Ana Thaís Matos – jornalista
André Abujamra – músico, ator
André Brasil – atleta paralímpico
Andre Rizek – jornalista
Arilson Silva – treinador de Natação
Ben-Hur Correia – jornalista
Caetano Veloso – músico
Carlos Eugênio Simon – futebol
Carolina Solberg- vôlei de praia
Casagrande- futebol
Célia Xacriabá – professora do Movimento Indígena Brasileiro
Claudio Adão – futebol
Claúdio Arreguy – jornalista
Coletivo 342Artes – cultura
Dado Villa Lobos – músico
Diego Moraes – jornalista
Diogo Silva – taekwondo
Eduardo Monsanto –jornalista
Fabi Alvim – volei
Fê Garay – volei
Felipe Neto – youtuber
Fernando Calazans- jornalista
Fernando Salem – músico/ roteirista
Flávio Gomes – jornalista
Grafite – futebol
Gustavinho Lima – basquete
Gustavo Kuerten – tênis
Heitor Shimbo – esgrima
Igor Julião – futebol
Isabel – vôlei
Jamil Chade – jornalista
Joanna Maranhão – natação
José Trajano – jornalismo
Juca Kfouri – jornalista
Julyana Travaglia – jornalista
Juninho pernambucano- futebol
Karen Harley – montadora
Leiloca Neves – astróloga e cantora
Lucas Santos – futebol
Luciano Chequini – treinador de utebol
Luciano correa – judô
Lúcio de Castro – jornalista
Luís Augusto Simon (Menon) – jornalista
Luiz Fernando Rodrigues – esgrima
Maike Weber – futebol feminino
Maju Herklotz – esgrima
Marcelo Bratke – pianista e maestro
Marcelo Rubens Paiva – escritor, cineasta e jornalista
Marcos Bocatto – futebol
Mario Bittencourt – futebol
Maria Clara Salgado- vôlei de praia
Maria Rita Rodrigues – esgrima
Mariannita Luzzati – artista visual
Mauro Cezar Pereira – jornalista
Moara Passoni – cineasta
Natália Andrade – jornalista
Paula Lavigne – produtora
Pedro Rivera – estudioso da política no esporte
Pedro Solberg – vôlei de praia
Petra Costa – cineasta
Raí – futebol
Raul Plasmann – futebol
Reinaldo – futebol
Ricardo Leyser – administrador
Rio Nando – futebol
Roberto Salim – jornalista
Roger Machado – técnico de futebol
Ronaldão – futebol
Sálvio Spinola – futebol
Samhia Simão – futebol feminino
Sandro Ricci – ex-árbitro e comentarista
Sebastião Arcanjo – futebol
Serginho – vôlei
Stepan Nercessian – ator
Taimar Marinho – treinador de futebol
Tayla Santos – futebol feminino
Taynah Espinoza – jornalista
Thiago Lacerda – ator
Thomas Koch – tênis
Vanessa Gonçalves – jornalista
Vinicius Cascone – advogado
Washington Olivetto – publicitário
William Zeytounlian – esgrima
Wladimir – ex-atleta
Yanne Marques – pentatlo
Zé Luiz – jornalista