Histórias de vida com zika
Enquanto o coronavírus se espalha pelo mundo, famílias vítimas do zika vírus lutam para se manter protegidas da nova ameaça e aguardam STF julgar ação que lhes garanta recursos e acesso a atendimento especializado.
Nesta sexta-feira, 24, o Supremo Tribunal Federal começará a julgar a ADI 5581, protocolada pela Associação das Defensoras e Defensores Públicos com suporte da Anis – Instituto de Bioética – que pede a garantia de direitos às mulheres e crianças afetadas por zika.
Vivemos uma pandemia por um novo vírus, e o risco que crianças afetadas pelo zika vírus correm é ainda maior, pois frequentemente, são vítimas de graves problemas respiratórios.
As principais questões solicitadas pela ação são a garantia de recursos que são para que as famílias também possam cumprir o isolamento, além de suprir necessidades de saúde e condições básicas de subsistência, como acesso universal ao recurso do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e atendimento especializado em um raio de até 50 km da residência, ou garantia de transporte gratuito aos serviços quando a distância for maior do que 50 km.
São diversas as histórias de quem vive com a síndrome. Conheça algumas mães e crianças afetadas pelo zika vírus e que vêem nessa votação de sexta-feira uma esperança de poder melhorar um pouco a situação em que vivem:
Maria Edilanges de Melo
foi a primeira paciente a ser diagnosticada com zika no município de Arapiraca, em Alagoas. Ela é mãe de Talison Augusto, que nasceu com microcefalia. Apesar de cumprir os requisitos para receber o Bolsa Família, Maria foi instruída que não poderia solicitá-lo enquanto recebia o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o que é um erro.
Rosana Sampaio da Silva e o filho Saymon Emanuel
Pelo menos duas vezes por semana ela precisa sair de São Luís do Quitunde, no interior de Alagoas, até Maceió, para que seu filho receba atendimento especializado. Quando não pode contar com o carro da prefeitura para levá-los, o que ocorre com frequência, precisa gastar R$ 40 para a viagem de ida e volta até a cidade.
Sarah da Silva Santos
com 14 anos na foto, e seu filho Guilherme, de 10 meses, em Maceió. Apesar de ter começado o pré-natal com 4 meses de gestação e ter sido informada de que tudo estava normal, descobriu somente após o parto que seu neném tinha microcefalia.
Iana Flor
com 16 anos à época, e seu filho Pedro Henrique, com 10 meses, uma das primeiras crianças afetadas pelo zika em Alagoas.
Marcilene Pereira e seu filho Marcos Felipe
com 8 meses à época, em Paripueira, uma área rural em Alagoas. Eles moram a quatro horas da unidade de saúde onde Marcos Felipe recebe atendimento especializado. Marcilene tem seis outras crianças.
Mayara Santos de Oliveira
com 16 anos na foto, mãe de dois filhos. Ela teve seu primeiro filho aos 13 anos, e o segundo, Alejandro Carlos, aos 15 anos. Eles moram em Maragogi, no litoral de Alagoas. Alejandro tem 8 meses de idade e, mesmo afetado pelo zika, não recebe nenhum atendimento especializado.
Rosiene Josefa da Silva
tinha 25 anos de idade à época. Sua filha de 8 meses, Maria Vitória, nasceu com síndrome congênita do zika. Eles moram em uma comunidade indígena em Palmeira dos Índios, em Alagoas. A unidade de saúde mais próxima fica a quatro horas de distância.
Rosa e Lucca Raphael
A avó Rosa cuida de seu neto Lucca Raphael, no povoado Machado, em Alagoas. Mesmo desempregada e tendo que arcar com altos custos de medicamentos para Lucca, Mislene Lima Rego, mãe do neném, não foi informada de que o Estado é que deveria arcar com essas despesas.