Estudo brasileiro sobre cloroquina é interrompido após morte de pacientes
11 pessoas morreram depois de receberem doses altas do medicamento, que pode levar a quadros de arritmia cardíaca.
Pesquisadores interromperam o estudo da cloroquina como medicamento para pacientes com o novo coronavírus depois que 11 pessoas morreram até o sexto dia do tratamento. Eles descobriram que uma dose alta do medicamento pode levar a quadros severos de arritmia ou batimentos cardíacos irregulares.
Para os testes, 81 pacientes que foram hospitalizados com sintomas da covid-19 em Manaus foram divididos em dois grupos e metade recebeu uma dose de 450 mg duas vezes ao dia por 5 dias e a outra metade deveria receber 600mg por dez dias. Mas no terceiro dia, notou-se uma arritmia cardíaca em parte dos pacientes que receberam a dose alta. Os pacientes também receberam ceftriaxona e azitromicina como parte do tratamento e não receberam placebo.
A pesquisa — que não foi revisada por membros da academia científica ou publicada em revistas do setor, mas divulgada em um servidor virtual de informações da área da saúde chamado medRxiv, no sábado – era financiada, entre outros órgãos, pelo governo do estado do Amazonas.
Em email enviado ao The New York Times, Marcus Lacerda, um dos autores do estudo, disse que a pesquisa brasileira mostrou que uma dosagem alta que estava sendo usada na China “é muito tóxica e mata mais pacientes”. O remédio é usado há mais de 70 anos contra a malária mas contra os sintomas do novo coronavírus ainda não é seguro em altas dosagens.
Tanto a cloroquina quanto um medicamento similar, a hidroxicloroquina, estão sendo propagandeadas pelos presidentes Donald Trump (EUA) e Jair Bolsonaro como solução para o novo coronavírus, ainda que sua eficácia não tenha sido comprovada. Nos EUA, especialistas mostram preocupação no uso do medicamento.