60% dos moradores das favelas não têm renda para mais uma semana, diz pesquisa
Sem poder sair de casa para trabalhar e com dificuldades em acessar o benefício que o governo previu aos trabalhadores informais, população periférica começa a correr riscos de abastecimento e de falta de recursos.
Nova pesquisa do Data Favela mostra que a situação vai começar a se complicar ainda mais nos próximos dias com o avanço da pandemia do novo coronavírus.
Publicada no dia 8 de abril e produzida pelo Instituto Locomotiva e Data Favela, a pesquisa aponta que 60% dos moradores das favelas brasileiras não tem renda para se manter por mais uma semana, e sem o auxílio do governo e a impossibilidade de voltar ao trabalho, o temor da falta de alimento é uma constante. São mais de 13 milhões de pessoas vivendo em favelas no país.
Os moradores também enfrentam dificuldades para conseguir se reabastecer e manter um “estoque”, e além da comida, também tem falta de produtos de higiene. 80% deles disseram na pesquisa que não estão conseguindo mais fazer compras na comunidade, o que também a enfraquece economicamente e fazendo com que saiam do isolamento. A pesquisa mostra também que, apesar da crise, mais de 70% dos moradores são a favor do isolamento.
Muitos tem tido problemas para conseguir completar os dados na plataforma para solicitar a Renda Básica Emergencial, seja por falta de informação de como funciona, o que fazer, como receber, seja por falhas no sistema ou falta de acesso à tecnologia para acessar o sistema.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), se o governo atender todas as pessoas elegíveis ao benefício, incluindo as que não estão nas bases cadastrais, o total seria de 36,4 milhões de famílias ou 117,5 milhões de pessoas.
Garantir o mínimo de condição de vida digna para a população em situação mais vulnerável deveria ser uma das principais preocupações do governo neste momento, mas parece que o presidente tem outras prioridades.
A pergunta que fica é como fazer as pessoas manterem o isolamento necessário para evitar a propagação e contágio do novo coronavírus se não sabe como vai comer na semana seguinte?