O mundo precisa da ciência e a ciência precisa das mulheres
Para falar em tecnologia é preciso falar também sobre pesquisa e ciência. O desenvolvimento de um país está diretamente relacionado ao investimento no setor. Mas como falar sobre o tema sem abordar também a democratização do acesso ao conhecimento científico? E como democratizar esses espaços sem uma maior participação feminina?
Foram algumas semanas pensando em como eu começaria a minha coluna aqui na Mídia Ninja. Falar sobre tecnologia é algo que faz parte do meu dia a dia como assessora de comunicação de um dos maiores Parques Tecnológicos do país, mas como abordar um tema tão amplo e necessário?
Para falar em tecnologia é preciso falar também sobre pesquisa e ciência. O desenvolvimento de um país está diretamente relacionado ao investimento no setor. Mas como falar sobre o tema sem abordar também a democratização do acesso ao conhecimento científico? E como democratizar esses espaços sem uma maior participação feminina? E foi assim que nesse mês de março, quando comemoramos o dia internacional da mulher, que cheguei ao meu tema.
Em 2019, a UNESCO e a ONU Mulheres alertaram para os obstáculos à participação feminina nos setores de tecnologia, engenharia e programação – atividades que mais crescem no mundo. A estimativa, segundo a ONU, é de que menos de 30% dos pesquisadores em áreas científicas e tecnológicas sejam mulheres. A questão é que estereótipos de gênero, ausência de exemplos visíveis (representatividade importa sim) e falta de políticas públicas para uma maior inclusão de mulheres nesse mercado são fatores que influenciam negativamente nesses números. É necessário que representantes do poder público promovam esforços coordenados para superar esses obstáculos a partir de iniciativas e projetos de lei que reduzam a brecha de gênero nessas áreas. Enfrentar equívocos sobre as capacidades femininas é fundamental não só para uma igualdade no mercado, mas também para o crescimento de um país. Ciência, tecnologia e inovação não têm sexo.
Se você está lendo esse texto através de uma tela de computador, é graças a uma mulher. O computador só existe devido a uma criação da matemática Ada Lovelace. Filha do poeta Lord Byron, Lovelace inventou, no século 19, um algoritmo para a máquina analítica de cálculo de números de Bernoulli. O algoritmo é considerado o primeiro adaptado especificamente para a implementação em um computador. Por isso, Lovelace tem sido muitas vezes citada como a primeira programadora do mundo.
Você gosta de utilizar meios de comunicação sem fio? Hedy Lamarr foi uma pioneira no setor. Junto com o inventor George Antheil, ela desenvolveu um sistema de comunicações secreto para ajudar os aliados a combater os nazistas da Segunda Guerra Mundial.
Eu poderia passar esse artigo citando dezenas de mulheres importantes para ciência e a tecnologia mundial para mostrar o quanto a humanidade perde ao não incentivar a participação feminina no setor. Esse número cresceria ainda mais se pudéssemos somar as muitas que não foram reconhecidas pelo seu trabalho, apenas pelo fato de serem mulheres.
Precisamos de mais incentivo e apoio dentro das universidades, nas escolas, na distribuição de bolsas e no incentivo através de programas do governo. São centenas de anos de desigualdade entre gêneros e muito ainda precisa ser conquistado. Enquanto existirem segmentações tolas como meninas vestem rosa e meninos vestem azul, pouco se avançará em questões realmente relevantes.
Ainda bem que cada vez mais mulheres lutam por seus direitos e conquistam seus espaços. A humanidade assim como a ciência está em constante evolução e precisamos fazer nossa parte nisso. O mundo precisa da ciência, e a ciência precisa das mulheres.