Brigadistas de Alter do Chão são liberados, advogados pedem justiça
“O que aconteceu sem sombra de dúvida foi uma ação que se deu totalmente ao arrepio da Lei”, afirmou Michell Durans, advogado dos brigadistas detidos.
A Justiça determinou a soltura dos quatro voluntários da Brigada de Alter que haviam sido presos nesta terça-feira, 26, no balneário de Alter do Chão em Santarém (PA), sob acusação de terem iniciado incêndios florestais na região.
A decisão de soltar os brigadistas partiu do juiz Alexandre Rizzi, titular da vara criminal de Santarém, que um dia antes havia negado a liberdade deles durante a audiência de custódia. Na ocasião, ele havia prometido reavaliar a prisão em dez dias.
Para Michell Durans, advogado dos quatro jovens detidos, “o que aconteceu, sem sombra de dúvida, foi uma ação que se deu totalmente ao arrepio da Lei, uma ação de autoridade policial, uma ação do magistrado que acabou por dar ouvidos a uma interpretação errônea da autoridade policial que apenas pegou trechos de uma interceptação telefônica e deu a interpretação que lhe cabia, que era de seu interesse”.
O grupo é formado por brigadistas voluntários que arriscavam suas vidas para combater incêndios florestais na região de Alter do Chão. Os jovens estiveram na linha de frente no combate às queimadas que recentemente atingiram a região próxima a Santarém no Pará, que vive um cenário de devastação de áreas de proteção ambiental, pressão imobiliária e disputas em torno de uma legislação que permitiria a construção até de edifícios nas margens do rio Tapajós.
A operação “Fogo do Sairé” ganhou repercussão nacional e internacional devido a importância do trabalho desenvolvido pelos brigadistas no que tange à proteção do território que é alvo de interesse da especulação imobiliária. Após cartas, notas de apoio e declarações que denunciam a tentativa de manipulação da opinião pública para desmoralizar as ONGs e movimentos sociais, os quatro integrantes foram soltos nessa tarde.
“O dia de hoje é um dia em que a defesa dos brigadistas comemora o restabelecimento da Justiça. Eles não deveriam nem ter sido presos, não possuem nenhum perfil, um crime que responde é um crime em que não se aplicaria a necessidade de se prender neste momento. Respeitamos a investigação, mas o ordenamento jurídico brasileiro prevê que se precisa primeiro investigar para depois prender”, concluiu o advogado Durans em depoimento para a Mídia NINJA.
“O que aconteceu em relação aos brigadistas foi o contrário: primeiro se prendeu para depois se investigar. Mas felizmente o juiz reparou esse grande grande erro e colocou brigadistas em liberdade. Lógico que esses três dias de cárcere são dias que serão lembrados e a gente espera agora dentro do processo seguir para uma absolvição, que é o caminho que se tem, é o caminho que a gente espera”.