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Paraibana, médica, ativista, primeira migrante e transexual eleita na história da República Francesa. Como ela mesma se define, “um coquetel entre Madre Tereza de Calcutá, Evita Perón e não esqueça Maria Bonita”. Camille Cabral é personagem do filme “Madame”, longa documentário que foi lançado na sexta-feira, 08 de novembro, em sessão gratuita, na abertura do For Rainown – Festival Internacional de Diversidade Sexual, na cidade de Fortaleza – CE e também será exibido durante a programação do Festival NINJA, que acontecerá entre os dias 21 a 24 de Novembro, na Nave Coletiva em São Paulo. O filme tem roteiro e direção de André da Costa Pinto e Nathan Cirino e é uma produção Canhota Filmes/Maria Fita e co-produção GloboNews/GloboFilmes.

Nascida na cidade de Barra de São Miguel, localizada na região do Cariri da Paraíba, chegou a estudar para ser Frei em um convento Franciscano, mas acabou se formando em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco. No final dos anos 70, Camille fez residência médica em Paris, na França, onde construiu sua vida desde então. Foi lá onde tornou visível sua transexualidade e começou a militância em prol das transexuais trabalhadoras do sexo, muitas vezes trazidas à França pelo tráfico humano. Na capital francesa fundou a ONG PASTT, instituição que dá auxílio a pessoas vivendo com HIV e defende direitos de transexuais e profissionais do sexo. Trata-se de uma das ONGs pioneiras no mundo com esse propósito.

Camille é tida como uma das primeiras ativistas mundiais em defesa de direitos de pessoas trans, além de ter uma forte atuação no combate ao tráfico sexual mundial, resgatando, com o apoio da polícia, muitas mulheres cis e trans levadas para a França por quadrilhas organizadas.

Foi diante de seu trabalho junto às minorias que o Partido Verde francês a convidou para se candidatar ao cargo de vereadora, iniciando aí sua vida política no início dos anos 2000. Atualmente, a ativista ainda trabalha na sua ONG em Paris, onde mantém bastante proximidade com várias embaixadas do mundo, em trabalhos conjuntos para acolhimento de pessoas transexuais oriundas de várias partes do planeta. A PASTT é uma verdadeira Torre de Babel. Trabalham lá meninas transexuais senegalesas, moçambicanas, indianas, turcas, argentinas, portuguesas, italianas, dentre tantas outras nacionalidades, criando na cidade uma das maiores redes de acolhimento mundial para pessoas transgêneras, imigrantes e profissionais do sexo.  Ali elas recebem muito mais que apenas remédios e orientações para prevenção de doenças, o trabalho de Camille envolve também moradia, educação, assessoria jurídica e auxílio para legalização de imigrantes em situação ilegal.