O Racismo Judicial em um país que se diz ‘miscigenado’
Detido com um frasco de pinho sol em uma manifestação, foi preso e condenado. O crime de Rafael na realidade é ser negro, pobre e morador da periferia.
No Brasil o racismo vem junto com a invasão “colonizadora” européia e por mais que nos dias atuais aparentemente tenha diminuído, isso não é a realidade – a prova é a nossa justiça, cada vez mais seletiva.
Vejamos o caso de Rafael Braga:
Detido com um frasco de pinho sol em uma manifestação, foi preso e condenado. O crime de Rafael na realidade é ser negro, pobre e morador da periferia.
Os policiais que prenderam Rafael mentiram, falsificaram provas e não receberam uma punição severa. Ele então passou a ser perseguido pela polícia corporativista que tinha uma fixação em prendê-lo a todo custo para desqualificá-lo e, consequentemente, desqualificar também a luta dos movimentos sociais. Principalmente o movimento negro que apontava o racismo judicial, já que trazia a tona a violência policial contra pobres e pretos no Brasil, reavivando o assassinato de Amarildo, Cláudia e o genocídio de pobres pretos.
A desculpa usada por policiais e meios de comunicação hegemônicos (também racistas, misóginos e lgbtiqfóbicos) seria que essas pessoas teriam passagens pela polícia, como se isso desse direito a condenação à morte dessas pessoas. Isso acontece em um país onde não existe pena capital, mas que se mata primeiro para se investigar depois. Essas “passagens”, nunca são explicadas.
Pode ser de um cigarro de maconha, uma briga entre amigos, brigas domésticas com vizinhes, até casos mais graves. Afinal Thor Batista e seu pai Eike Batista tem passagens pela polícia, José Mayer também por assédio, Marcos do BBB 2017, o cantor Vitor… E eu me pergunto se em uma troca de tiros entre polícia e bandidos, um desses artistas ou personalidades socialites ou instantâneas de reality show passassem na hora e fossem alvejades mortalmente, veríamos a polícia dizer que eram criminosos porque tinham passagem pela polícia ou seriam chamados pela mídia hegemônica, que mostraria todo o histórico de vida dessas pessoas e a “perda” para a sociedade.
No caso das prisões, quando olhamos pros presídios, esses também tem uma cor: a cor de corpos pretos, que continuam sendo a carne mais barata do mercado, a mais punida e a que desde o útero da mãe negra é condenado a morte.
A morte de uma criança branca é chorada como vítima pela imprensa sem que digam que foi auto de resistência. A de uma criança negra é midiatizada como suspeita, inclusive com a polícia forjando, colocando armas pesadas em mãos crianças de 9, 10, 11 anos que se quer tem força para atirar com fuzis. Essas crianças pobres e negras por fim entram na estatística de mortos por auto de resistência.
Esses poucos fatos aqui citades mostram o Racismo Judicial seletivo.
Afinal Thor Batista matou e está livre.
Policiais do massacre da Candelária e do massacre de Vigário Geral estão livres.
Os policiais que mataram Laura Vermont transvestigenere de 18 anos estão livres.
E de outro lado temos Verônica Bolina, teansvestigenere acusada de agressão contra uma idosa e que foi presa, torturada e estuprada por policiais e carcereiros.
Rafael Braga não matou ninguém e foi condenado a 11 anos de prisão.
Liberdade para Rafael Braga. Liberdade para Verônica Bolina. Justiça para Laura Vermont.
A nossa luta é todo dia contra o racismo, machismo e a LGBTIQfobia.